Segundo Passos, um dos pontos centrais desse debate é a noção de espaço, relativizada em um mundo em que as fronteiras estão em constante tensão. A demanda por espaços públicos e privados é cada vez mais decisiva para a vida das comunidades que compartilham os ambientes urbanos – daí a relevância da sua discussão.
– Por isso decidimos levar o Congresso para a rua, para fora de um único centro de eventos. Queremos trazer as pessoas para o debate em torno da cidade, em que um dos temas centrais é justamente o papel da arquitetura nesse novo momento – explica Passos, ao comentar os locais que sediarão as atividades do Congresso, como a Praça da Alfândega, o Multipalco, a Casa de Cultura Mário Quintana e o Largo Glênio Peres.
Compreender a arquitetura como parte da cultura de uma sociedade também é, de acordo com Passos, um dos desafios do evento. Para além dos conjuntos arquitetônicos considerados patrimônio histórico, a arquitetura contemporânea também é uma construção cultural na medida em que possibilita o diálogo da sociedade com a cidade, gerando cidadania.
– Fazer arquitetura não é somente construir prédios de padrão comercial. É interferir no ambiente das cidades. É um movimento cultural – afirma.
Para promover esse debate amplo e plural, o Congresso tem grande parte da sua programação aberta ao público. Todas as atividades da Feira de Arquitetura, que ocorre na Praça da Alfândega, e da programação cultural, com atrações musicais e teatrais, podem ser conferidas gratuitamente. As dez atrações da programação cultural contam com patrocínio da Sulgás e financiamento da Lei de Incentivo à Cultura – PróCultura RS – Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul. Passos destaca a conferência de abertura, denominada Espaço e Democracia, que será presidida pela arquiteta Ermínia Maricato, que deverá falar sobre temas como cidades, ambiente, memória e cultura. O evento gratuito ocorre às 19h, no Auditório Araújo Viana, com distribuição de senhas a partir das 16h.
Uma praça aberta – também – para a arquitetura
Fazer da Praça da Alfândega o ponto central do 21º Congresso Brasileiro de Arquitetos, com a realização da Feira de Arquitetura entre as sombras das velhas árvores, tem uma simbologia especial. Além de ter sido o marco inicial das restaurações promovidas pelo programa Monumenta em Porto Alegre, cuja coordenadora foi a arquiteta Briane Bicca, homenageada no evento, a praça também sedia outras feiras muito queridas para os gaúchos, como a Feira do Livro.
Segundo o presidente do IAB-RS, Rafael Passos, a intenção é fazer com que as pessoas convivam com a arquitetura de forma natural e orgânica, da mesma forma como convivem com os livros na época da Feira.
– As pessoas gostam de ir na Feira do Livro para comprar livros, é claro, mas também gostam apenas de estar ali, entre as bancas, acolhidas pela praça. Se elas se sentirem acolhidas também pela arquitetura no mesmo espaço, teremos dado um grande passo – completa.
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