As mulheres estiveram no comando na última edição do evento “Quarta do IAB” realizado no dia 17 de julho, no Solar Conde de Porto Alegre, que teve como pauta “Espaço público é o lugar do encontro e da troca”. O encontro contou com a participação da doutora e promotora de Justiça do RS Ana Maria Marchesan, da estudante de arquitetura e animadora Livia Koeche, e das arquitetas Taís Lagranha e Elena Graef.
A atividade integra a programação cultural do IAB RS, que vem acontecendo desde o início do ano para discutir o documento “10 pontos por um Projeto de Cidade” com o objetivo amplificar uma visão compartilhada sobre a produção da cidade.
Com mediação da arquiteta Elena Graef, o evento foi uma oportunidade para que os presentes fizessem uma análise do contexto urbano e das relações do usuário com o espaço urbano. A conversa também abordou as manifestações populares que ocorrem em Porto Alegre, as quais buscam a defesa da liberdade individual e espaços comuns inseridos no espaço público.
A arquiteta Tais Lagranha apresentou seu estudo acadêmico de Design como Metodologia para espaços urbanos. Para ela, a ideia de territorialidade deve considerar o outro usando o mesmo espaço com aplicação de regras. “O usuário forma o espaço”, observou. Além disso, Taís também falou da relação do espaço urbano com o meio ambiente. “O espaço público que me refiro é a calçada e a paisagem, ou seja, é a experiência do usuário no passeio público”, explicou. Segundo a arquiteta, a proposta de seu estudo é fornecer informações para quem trabalha e planeja as cidades, evidenciando outro contexto, com o usuário no centro da problemática territorial. “É trazer o olhar do urbanista para uma escala mais humana”, destacou Taís.
A promotora de justiça do RS Ana Maria Marchesan, afirmou que o Ministério Público sabe que tem muito a trabalhar para a comunidade na temática do patrimônio cultural público. A promotora falou do paradoxo existente. “De um lado existe uma doutrina jusambientalista praticamente uníssona quanto à inserção da dimensão cultural no conceito unitário de meio ambiente e, de outro, um tratamento conferido ao patrimônio cultural em termos de legislação e jurisprudência ainda quase que estribado exclusivamente no direito administrativo e, não raras vezes, até mesmo no direito civil”, observou. Para ela, a decisão judicial que reconhece a importância histórico-cultural e determina a preservação de um bem não tombado não constitui ato abusivo, nem intromissão no exercício do poder discricionário do administrador, mas externa ato de efetividade aos preceitos constitucionais e infraconstitucionais que impõem a preservação da memória cultural brasileira.
A estudante de arquitetura e animadora Livia Koeche, trouxe um pouco de sua experiência em movimentos sociais envolvidos nas últimas manifestações ocorridas em Porto Alegre. “Essa experiência quebra paradigmas e diz muito a quem participa”, afirmou Koeche. Para ela, essa reapropriação do território urbano é uma construção no período presente que o legislativo não valida. “São ocupações históricas muito válidas, unem pessoas com os mesmos ideais, pessoas que buscam espaços urbanos mais humanos”, destacou a estudante.
Os eventos “Quartas no IAB” têm o patrocínio da Caixa Econômica Federal.