Por Assessoria de Comunicação IAB RS
A necessidade de discutir o âmbito político do planejamento urbano das grandes cidades brasileiras foi a motivação do Seminário de Urbanismo Planos Diretores Participativos, que integra a programação da Trienal da Arquitetura e Urbanismo, evento promovido pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do RS (CAU/RS), em Porto Alegre.
A atividade ocorreu na sexta-feira (18 /11) no Solar do IAB RS com a participação de profissionais da arquitetura e urbanismo com grande experiência na pauta como Nabil Bonduke, Professor FAU-USP; Rosé Gampans, coordenadora do CPU- CAU RJ; Pedro Araújo, coordenador da CPUA-CAU/RS e Ricardo Mascarello, coordenador da CPUA-CAU/BR, além de Fernando Domingues Caetano, analista de Desenvolvimento Municipal – SEDU/PR.
Na abertura do evento o presidente do IAB RS, Rafael Passos, destacou que é preciso coordenar os recursos financeiros e humanos através de um conceito de público, que está sendo apagado. “No nosso caso, o planejamento urbano é a ferramenta fundamental para gerar acordos comuns. Outro desafio é democratizar a democracia”, disse Passos. Ele também citou a nova revisão do Plano Diretor de Porto Alegre que contará com uma assessoria empresarial contratada pela PMPA, focada excessivamente do mercado imobiliário. “Nós precisamos falar de patrimônio e colocar a habitação em áreas centrais”, discursou o presidente do IAB RS.
Ednezer Flores, Conselheiro Federal do CAU/RS, na ocasião representando a presidente nacional do CAU, Nádia Somekh, falou da importância do Plano Diretor se tornar pauta para o governo de transição. “Estamos produzindo um ofício para o governo eleito. Queremos que nossas pautas cheguem até lá e se tornem planos de governo para melhorar o dia a dia das nossas cidades”, afirmou.
Nabil Bonduki apresenta Plano Diretor de São Paulo
O arquiteto e urbanista Nabil Bonduki, que teve papel fundamental na elaboração do Plano Diretor Estratégico de São Paulo em 2002 e 2014, apresentou parte de sua trajetória e afirmou que quando se trata de planejamento urbano é preciso equilibrar a dimensão social, ambiental, cultural, econômica e imobiliária. Ele explicou que entre os objetivos estratégicos do Plano Diretor estão a redução das desigualdades territoriais, a inclusão social, a valorização dos espaços públicos, as mudanças no modelo de mobilidade, a transição ecológica, etc. Outro ponto destacado por Bonduki, foi a função social de propriedade.
“Temos muitos desafios. Precisamos, por exemplo, reverter e estagnar o processo imobiliário que gera o esvaziamento populacional de áreas consolidadas e mais urbanizadas.”, complementou. A mobilidade também foi citada pelo arquiteto paulista como desafio. “Já vimos iniciativas que privilegiam o transporte coletivo, mas ainda é muito tímido. Entendo que o viário é uma das expressões da desigualdade” disse Bonduki, lembrando ainda das áreas ambientais e da descarbonização das cidades. “O Plano Diretor não vai fazer as mudanças que nós queremos, ele dá norte e complementa outros processos políticos”, finalizou.