Coquetel de abertura reuniu o público interessado em ver de perto, pela primeira vez em Porto Alegre, os cartazes de manifestações colecionados por Daniela Fialho
Fotografias: Thalles Matos
Em 25 de abril de 1974 Portugal retomava o regime democrático, após um longo período de ditadura iniciada em 1933. A chamada Revolução dos Cravos é relembrada, 50 anos depois, por meio de uma exposição organizada pelo Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento Rio Grande do Sul (IAB RS) e a ADUFRGS Sindical, com apoio do Consulado Português, e curadoria de Airton Cattani e Daniela Fialho, que colecionou 47 cartazes de manifestações distribuídos nas ruas no período da revolução. A exposição segue aberta no Solar do IAB (Rua General Canabarro 363, Centro Histórico, em Porto Alegre), com visitação gratuita de segunda a sexta-feira, das 10h às 12h, e das 14h30 às 17h, até o dia 24 de maio.
A Revolução dos Cravos foi feita pelo Movimento das Forças Armadas (MFA), composto em sua maioria por capitães que participavam da Guerra Colonial, e teve como símbolo o cravo, que no dia dos eventos foi colocado na ponta das baionetas dos soldados, ofertado por uma mulher – Celeste Martins Caeiro. A guerra tentava manter o Império Português e impedir a independência de suas colônias, principalmente as africanas: Moçambique, Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde, entre outras.
Na abertura, o diretor cultural do IAB RS, Fábio Albano, abriu a cerimônia, destacando a participação de todos os envolvidos para que a exposição se concretizasse. “Agradecemos a presença de todos, e queremos agradecer, também, a mensagem da vice-consulesa de Portugal em Porto Alegre, Filipa Mendonça, que não pôde comparecer, mas desejou sucesso para a exposição. Agradecemos, também, a cortesia de imagens projetadas do acervo pessoal de Andrade Simões, que mostram cenas da Revolução nos dias 25 e 26 de abril de 1974”, disse.

O diretor cultural do IAB RS, Fábio Albano; a arquiteta e pesquisadora Daniela Fialho; e a diretora de comunicação do IAB RS, Jéssica Neves. Fotografia Thalles Matos.
A vice-presidente da ADUFRGS Sindical, Ana Boff de Godoy, disse que em nome da ADUFRGS gostaria de saudar a todos que fizeram esse evento acontecer, em especial a Daniela, e ao IAB RS por acolher esse momento. Devemos resgatar a necessidade de discutir sobre as sociedades democráticas. Estar aqui hoje é muito significativo para nós”, disse.
Daniela Fialho relembrou que “na época meus pais temiam ser presos no regime da ditadura aqui no Brasil, e estavam pensando em irem para a França. Eles conheciam um português exilado no Brasil por conta da ditadura salazarista. Após a Revolução, ele voltou ao seu país e convenceu meus pais a irem para lá também”, conta. Daniela começou a vivenciar o dia-a-dia da revolução, e guardar os cartazes de manifestações que encontrava na rua se tornou um hábito. “No retorno ao Brasil eu trouxe os cartazes em um contêiner no navio, e ficaram guardados desde então. Eu mesma me surpreendi ao constatar que haviam 47 peças armazenadas”, disse.
O acervo de Daniela é composto, também, por 170 adesivos, e alguns deles foram reproduzidos para complementar o conteúdo exposto ao público na exposição.