Aos arquitetos brasileiros está colocado um duplo desafio: enfrentar as enormes dificuldades do exercício profissional e responder pela construção de mais meio Brasil urbano nesta geração.
Todos sabemos que a profissão está passando por momento delicado, seja no âmbito privado ou público. Leis sucessivas têm desconstituído o papel do Projeto como categoria cultural autônoma. Obras públicas licitadas sem projeto e empreiteiras contratadas para projetar e construir – uma aberração e um descaso para com a qualidade das obras e para com os recursos públicos – é a norma atual. A revisão dessas leis, desse verdadeiro “entulho de Operações Articuladas” (‘operações articuladas’ é eufemismo para o departamento de propinas da maior empreiteira do país) se impõe e tem recebido o esforço do IAB e de todas as demais entidades da arquitetura e da engenharia. Vamos persistir!
Mas o país não para.
E nesta geração, isto é, até o final da década de 2030, o Brasil construirá como nunca antes se construiu em uma geração. Mais 40 milhões de domicílios se somarão aos 66 mihões hoje existentes. Mais de meia cidade se somará à cidade existente. Para essa tarefa os arquitetos precisarão estar dispostos e preparados. Em todas as frentes profissionais: no projeto e na obra, no planejamento, no serviço público, na empresa privada, na assistência técnica, na urbanização dos bairros populares, nos pequenos e grandes edifícios, no ensino. Este é o trabalho que a sociedade conferiu ao arquiteto – ao qual nós não nos absteremos.
Agora, quando se renovam as diretorias dos Departamentos do IAB e dos Núcleos, com quase 700 colegas dispostos a trabalhar voluntáriamente nesta nossa quase centenária entidade, o IAB, vale o chamado para trabalharmos todos voltados para essa realidade em transformação. Para, em diálogo com a sociedade, que nos conferiu a responsabilidade de pensar, projetar e construir o espaço brasileiro, bem como com as demais entidades da profissão, alcançarmos um novo tempo profissional em benefício da arquitetura e da cidade. Cidade mais bonita, com serviços públicos universalizados, socialmente menos desigual e mais justa.
A todos, um Ano Novo de muitas realizações e felicidade pessoal.
Cordialmente,
Sérgio Magalhães
Presidente Nacional do IAB