O barro que vira tijolo, se transforma em parede, que conforma um espaço, que assume função de abrigo, finalmente alcança seu “desejo de ser alguma coisa”. Este é o trabalho do arquiteto. Transformar tijolo em espaço, pedras em arcos, em pontes, em cidades. Do material bruto, libertar as formas belas e necessárias para as atividades humanas. Michelangelo libertava as formas aprisionadas, na arquitetura o vazio que se transforma em lugar habitado e a forma resulta do espetáculo da vida.
A arquitetura não é simples construção. Não se trata da maneira mais barata, mais rápida e mais ordinária de resolver um problema. A arquitetura se apoia na ciência para colocar as pedras nos seus devidos lugares – para que o arco não caia, envolve a poesia na interpretação das necessidades das pessoas e cria arte ao conceber o espaço e proporcionar surpresa que nem em sonho parecia possível. A arquitetura vista apenas como construção é um desperdício. A sociedade que não aproveita bem o saber e o fazer do arquiteto é uma sociedade pobre, feia, doente. Sem arquitetura e urbanismo, a cidade não funciona, cresce torta e desleixada, os seus edifícios parecem todos iguais de tristes e encardidos, os seus lugares – que deveriam ser públicos – são transformados em sobras abandonadas ou privatizadas, sequestrados pela insegurança ou pela ganância.
Arquitetura é Cultura quando avança, vai além da mera construção, resolve o problema com uma solução completa, que funciona, que satisfaz e que é bela. O arquiteto e urbanista é o profissional que planeja, que entende e antecipa os problemas, que compara possibilidades, que pensa antes de agir e que, finalmente, projeta a melhor solução. Projeto bem feito resulta uma obra mais econômica e mais segura, sem desperdícios e durável, mais criativa por que investiga e inova e mais bonita para poder libertar as pessoas da matéria bruta à qual estão aprisionadas.