CONCURSO PÚBLICO NACIONAL DE ARQUITETURA
SEDE DA FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
– FAPERGS –
ATA DE JULGAMENTO – 2ª ETAPA (FINAL) DO CONCURSO A Comissão Julgadora foi instalada às 9,00 horas do dia 22 de março de 2004, na sede do IAB-RS, sendo composta pelos membros titulares indicados pelo IAB-RS arquitetos Carlos Maximiliano Fayet (Presidente), Telmo Borba Magadan, Héctor Vigliecca, Sérgio Marques e Silvio Belmonte de Abreu Filho (Relator). Os trabalhos da Comissão foram acompanhados pelos Arquitetos Coordenadores do Concurso Alberto Ott e Ronaldo Kern Alvin, pelo membro da Comissão Consultiva arquiteto Heitor da Costa Silva, e pela suplente da Comissão Julgadora arquiteta Belkis Moraes.
A Comissão entendeu manter os critérios básicos seguidos para a avaliação e seleção dos trabalhos definidos na 1ª Etapa, adequando-os às condições de desenvolvimento, profundidade e atendimento ao edital correspondentes à Etapa Final do Concurso, com a redução do número de concorrentes e aumento progressivo do foco dos trabalhos.
Após completa e minuciosa análise individual e crítico-comparativa dos 5 trabalhos selecionados, a Comissão Julgadora procedeu a sucessivas rodadas de discussão sobre os mesmos, chegando a uma decisão unânime quanto à premiação. Foi indicado como Vencedor da 2ª Etapa o trabalho de número 137, e atribuídos o 2º e 3º lugares respectivamente aos trabalhos de número 114 e 116. Entendeu também destacar com Menções Honrosas os dois outros trabalhos classificados, por sua importante contribuição disciplinar ao desenvolvimento da arquitetura.
A Comissão entende que o trabalho vencedor é o que inequivocamente reúne as melhores condições para a resolução, em nível superior de desenvolvimento, do problema arquitetônico e urbanístico proposto no edital, destacando-se pelo acerto de sua estratégia de inserção urbana num contexto pobremente configurado e em transformação, pelas qualidades formais, funcionais e ambientais do átrio que organiza seus pavimentos, pela escolha criteriosa de materiais, e pelas qualidades técnicas de sua resolução arquitetônica.
No trabalho premiado com o 2º lugar, a Comissão Julgadora ressalta as qualidades espaciais do objeto arquitetônico proposto, e a inventividade de suas estratégias de projeto, com soluções de organização formal e de linguagem arquitetônica que contribuem de forma não-convencional e inovadora ao desenvolvimento da arquitetura.
No trabalho premiado com o 3º lugar, a Comissão ressalta o rigor disciplinar na organização espacial do programa, a concisão da apresentação e a força evocadora de suas imagens.
Com relação ao desenvolvimento futuro do projeto vencedor, a Comissão considera especialmente importante ressalvar a necessidade de buscar maior e mais completa integração espacial no pavimento em sub-solo, unificando o piso, eliminando as barreiras entre os espaços destinados a refeitório, hall, jardim interno e Foyer do Auditório, aumentando sua permeabilidade e sua altura, e considerando a possibilidade de remanejo dos sanitários e cabine de projeção para melhorar os acessos. Um acesso secundário aos fundos do palco poderia ser viabilizado, sem problemas para o estacionamento do térreo. A Comissão recomenda também atenção às questões de acessibilidade universal aos espaços públicos e de trabalho, e às possibilidades de condicionamento ambiental através de ventilação natural, utilizando o pilotis do térreo e o átrio de altura integral.
Finalizando, a Comissão reafirma e enfatiza seu reconhecimento ao Promotor – FAPERGS, por confiar a escolha do projeto para sua nova sede ao instituto do Concurso Público de Arquitetura, processo que alia qualidades de universalidade, transparência e rigor, comuns à pesquisa científica que é sua razão de ser, permitindo a emergência de uma solução que certamente irá contribuir para o desenvolvimento da instituição, da arquitetura e da cidade de Porto Alegre.
Porto Alegre, 22 de março de 2004
(assinam) Carlos Maximiliano Fayet – Presidente
Silvio Belmonte de Abnreu Filho – Relator
Héctor Vigliecca
Sérgio Moacir Marques
Telmo Borba Magadan 1º LUGAR Projeto: Mario Biselli e Artur Katchborian (SP) :: Equipe: arq. Cristiana Gonçalves Pereira Rodrigues e arq. Daniel Corsi. Estagiários: João Paulo Daolio, Taís Cristina Silva e André Biselli Sauaia. Colaboradores: Nave Arquitetos, Roberto Novelli Fialho, Valéria Cássia dos Santos Fialho e Sílvio Sguizzardi. Imagens Eletrônicas: Visualize Arquitetura Digital. Consultoria: arq . MARIA ISABEL MAROCCO MILANEZ. Maquete: Leon Richard Benkler. Orçamento: Quantum Engenharia
Partido Arquitetônico Um edifício auto referenciado, qualificado a partir de seu interior e expandindo seus espaços até apresentar-se ‘as ruas através de fachadas transparentes e elegantes, oferecendo um pavimento térreo permeável e público sem que haja descontrole quanto ‘a segurança, e organizado funcionalmente através de uma setorização eficiente e inequívoca, tanto horizontal quanto verticalmente. O projeto responde com estas características ‘as demandas do programa arquitetônico e ‘as condições do sítio, seu entorno, sua geometria e insolação. O partido arquitetônico se define como uma base sem torre de 12 metros de altura, dispensando assim os recuos frontais e laterais de acordo com a legislação , e desfrutando por conseguinte da largura total do lote na geração de espaços tão amplos e flexíveis quanto possível. No sentido vertical o projeto se organiza dispondo as áreas de uso público no pavimento térreo e em um único subsolo. No térreo estão as áreas de estacionamento e os principais acessos por ambas as vias públicas, a avenida Ipiranga e a rua Prof. Guerreiro Squeff. O ponto de convergência destes acessos é o saguão principal onde estão a recepção, sala de segurança e comunicação. Este espaço é também de convergência visual de todos os espaços do edifício, uma vez que o projeto o define como um vazio central de altura total. O vazio central fornece luz a todo o edifício através de sua cobertura translúcida e ventilada.Toda a altura interna deste vazio é valorizada pela cor avermelhada do painel de arenito, natural do Rio Grande do Sul. No subsolo as demais áreas de uso público: o refeitório, exposições e o auditório divisível acompanhado do vestíbulo e de um jardim interno, estes por sua vez integrados visualmente ao saguão no pavimento térreo. No primeiro e segundo pavimentos estão dispostas as áreas de uso executivo, em espaços amplos, de fácil distribuição e grande maleabilidade. Os serviços gerais, bem como as instalações hidráulicas e mecânicas, estão distribuídos numa faixa de 3 metros ao longo do edifício na divisa leste, com exceção do arquivo, localizado no terceiro e último pavimento. O projeto estrutural prevê duas empenas de concreto armado convencional com 20 cm de espessura ao longo de ambas as divisas leste e oeste, as quais se destinam a ancorar o conjunto de lajes transversais que configuram os pavimentos. As lajes dos pavimentos serão nervuradas e protendidas com 28 cm de espessura dispensando quaisquer apoios suplementares que não sejam as próprias empenas laterais. A cobertura do edifício no nível 12,00 será construída em estruturas metálicas de aço e alumínio. O projeto prevê ainda um variado elenco de materiais para acabamento interno e externo, isolamento térmico e acústico, artefatos de iluminação, além de caixilharias de alumínio e brises para a proteção das fachadas.
CONCEITO DO PARTIDO
ENSAIO DO ESPAÇO – O CANTO COMO ESPAÇO CONSTRUÍDO E O VAZIO COMO ESPAÇO ENVOLVENTE MARCAM O TERRITÓRIO, DEFINEM O ESPAÇO. O EDÍFICIO PARECE POUSAR SOBRE O AR, QUE LIGA VIRTUALMENTE O ESPAÇO INTERIOR DO LOTE À PRAÇA URBANA, CONVIDANDO O PEDESTRE A “MERGULHAR” EM SEU ACERVO DE CONHECIMENTO NA SALA DE EXPOSIÇÕES AO PÚBLICO, ATRAVÉS DA ESCADARIA EXTERNA. JOGOS DE APOIOS VOLUMÉTRICOS, ORA BROTANDO DO CHÃO ORA SOLTOS DA BASE, INDICAM OS ACESSOS. GEOMETRIA SIMPLES, ARROJADA E SUTIL, TAIS ADJETIVOS CONVIVEM HARMONICAMENTE EM UM MESMO LUGAR. CONCEITO DIFERENCIADO QUE DEVE CONTER UM EDIFÍCIO PÚBLICO DE TAL NATUREZA. MENÇÃO HONROSA Arq. Eduardo Lucio Rebeschini Maurmann, Arq. Gustavo Heck e Arq. Lauro Vianna Poletto (RS) CONCEPÇÃO
O edifício para sede da FAPERGS procura inserir-se na cidade de forma a complementar seu espaço. Sua capacidade de adequar-se às transformações da cidade justificam a singularidade da sua forma. O partido – um volume de duas alturas voltado para o lote – é um exercício de reflexão nos modelos de implantação que o Plano Diretor sugere, pois oferece uma alternativa de conexão entre duas escalas na cidade. Uma linha de inflexão no terreno projeta um plano corte que delimita o espaço aberto de acesso ao edifício. A fachada diagonal, alvo de uma insolação mais aguda, foi protegida por um brise-soleil que se dobra para cobrir o espaço de acesso. Nele, pesquisas sob o amparo da entidade podem ser vistas em painéis que transformam o lugar numa extensão da galeria do edifício. A pele contínua de concreto que reveste o corpo do edifício recobre o volume até a chegada ao auditório. A partir daí, outro elemento de proteção aparece revestindo um novo volume que se projeta do edifício para a paisagem da cidade. MENÇÃO HONROSA Arq. Cristiano Lemes de Carvalho (GO) :: Equipe: arq. Alexandre Ribeiro Gonçalves, engenheiro Christiam Moreira, e estagiários André Luiz Torres e Eliseu Luiz da Silva