No dia 26 de janeiro o arquiteto e professor Demétrio Ribeiro recebeu, no Rio de Janeiro, o Colar de Ouro do Instituto de Arquitetos do Brasil. Esta láurea visa homenagear os profissionais da área que se destacam por sua atuação em prol do desenvolvimento da Arquitetura no país. A escolha foi unânime por parte da Comissão formada pelos ex-presidentes da entidade. De que forma este gaúcho de Alegrete, calmo e discreto, de quem se conhece poucos projetos arquitetônicos, adquiriu esta projeção nacional? Demétrio Ribeiro optou pela Arquitetura quando ainda não existia escolas no Rio Grande do Sul. Estudou no Uruguai, onde o curso foi criado no fim do século XIX e tinha uma tradição de ensino muito marcada pela cultura francesa, ensino acadêmico, que dava importância tanto à estética e ao desenho, quanto aos aspectos técnicos da construção, preparando os estudantes para o trabalho que os esperava fora. Voltando ao Brasil, e tendo que revalidar o diploma submetendo-se a exame rigoroso, veio para Porto Alegre onde havia seis arquitetos, dos quais somente dois formados no Brasil. Naquela época havia uma expectativa e um surto de valorização da arquitetura, chamada brasileira, de Niemeyer, que teve seu inicio no fim da década de 30. Em 1945 o diretor do Instituto de Belas Artes tomou a iniciativa de fundar um Curso de Arquitetura e Demétrio Ribeiro começou a lecionar. Em seguida a escola de Engenharia criaria outro e da fusão destes é que surgiu a Faculdade de Arquitetura, da qual foi um dos fundadores. Foi neste momento que começou a consciência, aqui, da existência de uma arquitetura nacional e o novo curso procurou se identificar com o da Escola Nacional de Engenharia de fazer da arquitetura uma de suas especializações. Houve debates muito singulares dos quais Demétrio participou ativamente. Também participou da criação do Departamento do Rio Grande do Sul do Instituto de Arquitetos, em 1948, e a arquitetura começou a ter presença no Sul. Desde então tem sido constante em todas as atividades ligadas ao desenvolvimento da profissão e suas idéias passaram a ser respeitadas em todo o país. Profissionalmente sempre teve mais atração pelo urbanismo, que julga uma atividade política e comunitária, apesar de ter participado de vários concursos de projetos, como o do Colégio Júlio de Castilhos. Acredita que o espaço urbano, corretamente, seria o espaço de todos, onde todos se encontram. Sempre preocupa suas idéias socialistas, que sempre defendeu corajosamente…. E é devido a tudo isto que se faz jus à homenagem, não somente por seus projetos, mas principalmente por ser um pensador, por sua filosofia de defesa dos aspectos humanos da profissão e por sua participação em todos os movimentos que granjearam respeito para a atividade dos arquitetos.
Nota de repúdio a toda e qualquer manifestação em defesa da ditadura
O IAB RS manifesta repúdio a falas em defesa da ditadura. Associar tal defesa como o ato de “liberdade de expressão” distorce o sentido proposto a tal direto constitucional. A ditadura militar brasileira configura um dos períodos mais sombrios de nossa história, deixando marcas e ideias ainda a serem combatidos.