Avanços tecnológicos do século XX e mudanças sócio-culturais alteraram a situação de dependência das pessoas portadoras de deficiência, que passam, então, a reivindicar efetiva acessibilidade às mais diversas atividades. No Brasil, atualmente, os dispositivos legais exigem a supressão de barreiras arquitetônicas nos edifícios e espaços de uso público. Criar condições de acessibilidade nos espaços construídos é um problema complexo e não pode ser reduzido a uma mera eliminação de barreiras físicas – como a utilização de rampas no lugar de escadas. Estas soluções de acessibilidade para os portadores de deficiência física são mais fáceis de serem resolvidas, porém não contemplam as barreiras que os demais grupos portadores de deficiência precisam vencer. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), os 10% da população mundial portadora de algum tipo de deficiência distribui-se em: 5% mental, 2% físico-motora, 0,5% visual e 1% múltipla. No Brasil, isto significa que temos aproximadamente 16 milhões de pessoas portadoras de algum tipo de deficiência permanente. Ao buscar soluções arquitetônicas que atendam as necessidades especiais destes grupos, os arquitetos cada vez mais se tornam conscientes da necessidade de inclusão de todos os usuários, entre eles, os que enfrentam dificuldades temporárias: as crianças, pessoas muito idosas, as gestantes, aqueles que sofrem fraturas…. Esta nova visão da arquitetura recebeu nos últimos anos o nome de Desenho Universal.
Para possibilitar a atuação profissional que contemple a inclusão é urgente a atualização de conhecimentos sobre as diferentes habilidades e limitações dos usuários e, principalmente, das pessoas portadoras de necessidades especiais. Qualquer projeto – e não apenas centros para idosos ou escolas de educação especial, por exemplo – pode incorporar, desde sua fase inicial, esta nova postura profissional. As fotos ilustram bons exemplos de inclusão de crianças com diferenças antropométricas, ou que possam apresentar restrições de movimento, percepção ou compreensão na escola de inglês Jack’n’Jill, em Porto Alegre. Aberturas de vidro na porta, dispostas em duas alturas, permitem a visualização por pessoas de estatura variada, ou por cadeirantes. A sinalização de percurso em diferentes cores e texturas estimulam os sentidos, facilitam a informação e orientação para todos e, em especial, aos deficientes visuais. Boas soluções de Desenho Universal passam despercebidas, sendo atrativas para todos os usuários. Vera Helena Bins Ely, Dr. Eng
Marta Dischinger, PhD