Em nome de todos os eleitos para a gestão do Departamento do IAB RS, cumprimento os colegas arquitetos e arquitetas presentes, os eleitos e eleitas para a próxima gestão do SAERGS, autoridades, amigos, amigas e familiares presentes; aos homenageados e premiados do dia, em especial aos familiares do colega Roberto Py, que liderou os primeiros passos de nosso Conselho, nossos mais sinceros agradecimentos.
Neste momento se inicia um novo ciclo de trabalho para nossa entidade, com novos colegas se agregando àqueles que já vêm atuando conosco. Outros trocam de funções. Tomam posse não só os Conselhos Diretor, Superior e Estadual, mas novos núcleos, instâncias locais do IAB no interior do Estado, hoje ampliados para doze, o que representa um importante crescimento. A eles, nosso agradecimento e votos de uma atuação firme no âmbito local, e participativa junto ao Departamento. Contem conosco.
Não falarei das ações planejadas para a próxima gestão. Esta está expressa na Plataforma proposta, a qual está publicada no site e no mural do IAB.
Durante esta gestão o IAB completará 70 anos. Septuagenária entidade que a partir da arquitetura vem contribuindo para o desenvolvimento social, político e econômico do Estado e do país. Ao longo de todas estas décadas o IAB alcançou um notável reconhecimento e hoje já não pertence mais somente aos arquitetos, mas é patrimônio de toda a sociedade. Esta posição foi conquistada por todos aqueles que até hoje contribuíram com o IAB, profissionais abnegados na defesa da profissão, da arquitetura e do urbanismo, das cidades, da cultura. É respaldada nos princípios da independência e da democracia, que sempre nortearam sua atuação. O IAB teve destacada liderança nos momentos mais difíceis da Nação, em especial durante o Regime Militar, quando, de forma solidária, abrigou tantos cidadãos e coletividades proibidas de se reunir e se organizar em torno de suas causas e pares.
Impossível não fazermos aqui referência a colegas como Miguel Pereira, Telmo Magadan, Demetrio e Enilda Ribeiro, Danilo Landó, Carlos Maximiliano Fayet, Albano Volkmer, entre tantos outros, que com sua enorme generosidade e espírito coletivo lideraram esta entidade. Em especial, destacamos o papel do Professor Albano, que soube abrir os caminhos para uma nova geração de profissionais e estudantes, representada pelos colegas Iran Rosa, Carlos Alberto Sant’Anna e Tiago Holzmann, aqueles que lideraram os passos seguintes do IAB.
Neste contexto, a gestão que se inicia hoje é um novo ciclo, na qual novos arquitetos e arquitetas se integram àqueles. São colegas que iniciaram sua participação na entidade já nesse contexto, já nesta Casa, o Solar do IAB, ainda estudantes, no movimento estudantil, na organização dos acampamentos do Forum Social Mundial, há 15 anos atrás. Do Conselho Diretor ao Conselho Estadual, a diversidade de perfis e trajetórias é a marca desta gestão: juventude e experiência, pluralidade de pensamento, amplitude de áreas de atuação se integram para uma ação conjunta. Na nova Diretoria, com nova estrutura, temos 2 ex-diretores gerais da FENEA – a Federação Nacional dos Estudantes de Arquitetura – ex-coordenadores de Centros Acadêmicos, profissionais de projeto e obra, de patrimônio, de planejamento urbano, atuantes nos setores privado e público e no terceiro setor.
A atual conjuntura política do país aflige a todos. A expectativa de um futuro promissor parece cada vez mais difícil. Denúncias de corrupção são ordem do dia nas pautas jornalísticas. A descrença no mundo político, contudo, não pode ser lida como a demonização de tudo o que é público, nem daquelas pessoas e entidades que se mobilizam na luta reivindicativa pelas causas coletivas. Este é um caminho perigoso, sobretudo num país sem uma tradição democrática sólida, país que sofre “tropeços na democracia” a cada 20 ou 30 anos de sua vida Republicana. Tal quadro, lamentavelmente, tem servido para reduzir o debate político nacional a uma hipócrita disputa entre corruptos e não corruptos, ou pior, a redução da coisa pública ao lugar de todos os vícios, e que o privado é o lugar das virtudes. Ora, uma leitura menos apaixonada permitiria reconhecer que é justamente os vícios humanos em ambos os campos que estão sendo escancaradas. Não basta, portanto, reivindicarmos a ética e a moralidade na coisa pública, mas também no campo da vida privada, do mercado produtivo e financeiro.
As cidades têm sido cada vez mais o lugar da especulação do capital financeiro, e quem questiona tal fato é taxado como defensor do atraso, é pintado de vermelho e animalizado, quando não sofre na carne a violência estatal que reprime a reivindicação por direitos. A dicotomia é usada como estratégia de desinformação, em que reivindicar a cidade como direito, ou seja, como lugar do desenvolvimento social, da qualidade de vida, e da autonomia social é ser contra o desenvolvimento econômico.
O IAB é uma entidade de arquitetos, que em sua maioria atuam na cadeia produtiva da construção civil. Somos formados, contudo, para produzir espaços de convívio humano, de relação harmônica com o meio natural, onde o desenvolvimento econômico é meio, e não um fim em si mesmo, para promover o desenvolvimento humano.
Jorge Wilheim chamou de “a mão escondida”, em uma alusão à mão invisível de Adam Smith, aquela que produz arquitetura medíocre, que por sua vez reproduz uma cidade medíocre. A produção de nosso habitat, dos edifícios às cidades, foi entregue a categorias profissionais e empreendedores que não veem a cidade, mas apenas o lote, que não valorizam a arquitetura, muito menos urbanismo ou planejamento urbano, mas a despeito disso impõem aos arquitetos os programas, dimensões e formas. Demetrio Ribeiro, então Presidente do IAB Nacional, já alertava para tal perigo, frente à eminência da fundação de um Conselho para a profissão que transforma habitat em frios números. Confinam espaços em planilhas e desvalorizam cada vez mais o importante trabalho do arquiteto, o projetista do espaço, o construtor da forma de viver na casa e na cidade. O poder público parece seguir o mesmo caminho. A participação dos profissionais no planejamento urbano em Porto Alegre, que já foi um exemplo para o Brasil, hoje está entregue às entidades representativas da “mão escondida”, assim como os cargos máximos do planejamento urbano, ou então do urbanismo.
E o que fazem as entidades de arquitetos, perguntava Wilheim? Não posso responder por todas, mas estou certo de que o IAB RS jamais se calou frente a tal fenômeno. E o IAB RS segue este caminho: de propor uma cadeia produtiva limpa, justa e ética; de debater e lutar pela cidade, pela arquitetura e pela cultura como direito social tão básico quanto todos os demais. Da unidade habitacional à paisagem urbana como patrimônio de todos, passando pelo uso livre e franco dos equipamentos e dos espaços públicos das cidades para todos os cidadãos.
A necessária valorização da arquitetura e urbanismo e do trabalho do arquiteto é também econômica, pela reinvindicação de honorários mais justos, mas sobretudo se faz pela retomada de um protagonismo perdido na produção do ambiente construído, tanto na esfera pública quanto na privada. Os bons exemplos estão aí, apesar das circunstâncias adversas, mas a transformação na escala que os profissionais e a sociedade precisam, só se dará através da ação coletiva. Assim, a atuação integrada das diferentes entidades de arquitetos é fundamental, mas também insuficiente.
A valorização da arquitetura e urbanismo, e por consequência, de seus profissionais, só se dará, portanto, se os mais amplos setores da sociedade reconhecê-la como componente essencial da vida coletiva e individual.
Neste sentido, entendemos que somente a organização social, e a atuação articulada com os movimentos sociais que reivindicam a cidade como direito, através do enfrentamento e do diálogo serão capazes de promover os avanços necessários não só para a valorização da profissão, mas também para o desenvolvimento do país de caráter distributivo, visando à redução das desigualdades socioespaciais que marcam a cartografia das cidades brasileiras.
Por fim, firmamos aqui e publicamente o compromisso da Gestão Cidade Movimento com os princípios de independência frente a partidos ou governos, que sempre marcaram o IAB. Neste sentido, penso ser necessário expressar, a fim de evitar qualquer especulação, que eu (assim como outro colegas desta gestão) não tenho qualquer filiação partidária, e mesmo que tivesse, minha trajetória sempre esteve alinhada aos princípios da independência e autonomia da sociedade civil.
O excelente trabalho de liderança do Tiago Holzmann fica evidenciado pelo fato de que a metade da nova Diretoria é composta por membros que darão sequência ao trabalho. Obrigado, Tiago. Aproveito para te convidar a manter-se próximo a nós durante os próximos 3 anos, nos aconselhando, já que os últimos 5 foram fáceis.
Agradecemos a presença de todos, e contamos com a parceria, participação e colaboração de vocês junto ao IAB, que, asseguramos, prosseguirá seu caminho de combatividade, sim, mas sem jamais se fechar ao diálogo franco e aberto com todos os setores da sociedade e do poder público do Estado do Rio Grande do Sul.
Neste momento se inicia um novo ciclo de trabalho para nossa entidade, com novos colegas se agregando àqueles que já vêm atuando conosco. Outros trocam de funções. Tomam posse não só os Conselhos Diretor, Superior e Estadual, mas novos núcleos, instâncias locais do IAB no interior do Estado, hoje ampliados para doze, o que representa um importante crescimento. A eles, nosso agradecimento e votos de uma atuação firme no âmbito local, e participativa junto ao Departamento. Contem conosco.
Não falarei das ações planejadas para a próxima gestão. Esta está expressa na Plataforma proposta, a qual está publicada no site e no mural do IAB.
Durante esta gestão o IAB completará 70 anos. Septuagenária entidade que a partir da arquitetura vem contribuindo para o desenvolvimento social, político e econômico do Estado e do país. Ao longo de todas estas décadas o IAB alcançou um notável reconhecimento e hoje já não pertence mais somente aos arquitetos, mas é patrimônio de toda a sociedade. Esta posição foi conquistada por todos aqueles que até hoje contribuíram com o IAB, profissionais abnegados na defesa da profissão, da arquitetura e do urbanismo, das cidades, da cultura. É respaldada nos princípios da independência e da democracia, que sempre nortearam sua atuação. O IAB teve destacada liderança nos momentos mais difíceis da Nação, em especial durante o Regime Militar, quando, de forma solidária, abrigou tantos cidadãos e coletividades proibidas de se reunir e se organizar em torno de suas causas e pares.
Impossível não fazermos aqui referência a colegas como Miguel Pereira, Telmo Magadan, Demetrio e Enilda Ribeiro, Danilo Landó, Carlos Maximiliano Fayet, Albano Volkmer, entre tantos outros, que com sua enorme generosidade e espírito coletivo lideraram esta entidade. Em especial, destacamos o papel do Professor Albano, que soube abrir os caminhos para uma nova geração de profissionais e estudantes, representada pelos colegas Iran Rosa, Carlos Alberto Sant’Anna e Tiago Holzmann, aqueles que lideraram os passos seguintes do IAB.
Neste contexto, a gestão que se inicia hoje é um novo ciclo, na qual novos arquitetos e arquitetas se integram àqueles. São colegas que iniciaram sua participação na entidade já nesse contexto, já nesta Casa, o Solar do IAB, ainda estudantes, no movimento estudantil, na organização dos acampamentos do Forum Social Mundial, há 15 anos atrás. Do Conselho Diretor ao Conselho Estadual, a diversidade de perfis e trajetórias é a marca desta gestão: juventude e experiência, pluralidade de pensamento, amplitude de áreas de atuação se integram para uma ação conjunta. Na nova Diretoria, com nova estrutura, temos 2 ex-diretores gerais da FENEA – a Federação Nacional dos Estudantes de Arquitetura – ex-coordenadores de Centros Acadêmicos, profissionais de projeto e obra, de patrimônio, de planejamento urbano, atuantes nos setores privado e público e no terceiro setor.
A atual conjuntura política do país aflige a todos. A expectativa de um futuro promissor parece cada vez mais difícil. Denúncias de corrupção são ordem do dia nas pautas jornalísticas. A descrença no mundo político, contudo, não pode ser lida como a demonização de tudo o que é público, nem daquelas pessoas e entidades que se mobilizam na luta reivindicativa pelas causas coletivas. Este é um caminho perigoso, sobretudo num país sem uma tradição democrática sólida, país que sofre “tropeços na democracia” a cada 20 ou 30 anos de sua vida Republicana. Tal quadro, lamentavelmente, tem servido para reduzir o debate político nacional a uma hipócrita disputa entre corruptos e não corruptos, ou pior, a redução da coisa pública ao lugar de todos os vícios, e que o privado é o lugar das virtudes. Ora, uma leitura menos apaixonada permitiria reconhecer que é justamente os vícios humanos em ambos os campos que estão sendo escancaradas. Não basta, portanto, reivindicarmos a ética e a moralidade na coisa pública, mas também no campo da vida privada, do mercado produtivo e financeiro.
As cidades têm sido cada vez mais o lugar da especulação do capital financeiro, e quem questiona tal fato é taxado como defensor do atraso, é pintado de vermelho e animalizado, quando não sofre na carne a violência estatal que reprime a reivindicação por direitos. A dicotomia é usada como estratégia de desinformação, em que reivindicar a cidade como direito, ou seja, como lugar do desenvolvimento social, da qualidade de vida, e da autonomia social é ser contra o desenvolvimento econômico.
O IAB é uma entidade de arquitetos, que em sua maioria atuam na cadeia produtiva da construção civil. Somos formados, contudo, para produzir espaços de convívio humano, de relação harmônica com o meio natural, onde o desenvolvimento econômico é meio, e não um fim em si mesmo, para promover o desenvolvimento humano.
Jorge Wilheim chamou de “a mão escondida”, em uma alusão à mão invisível de Adam Smith, aquela que produz arquitetura medíocre, que por sua vez reproduz uma cidade medíocre. A produção de nosso habitat, dos edifícios às cidades, foi entregue a categorias profissionais e empreendedores que não veem a cidade, mas apenas o lote, que não valorizam a arquitetura, muito menos urbanismo ou planejamento urbano, mas a despeito disso impõem aos arquitetos os programas, dimensões e formas. Demetrio Ribeiro, então Presidente do IAB Nacional, já alertava para tal perigo, frente à eminência da fundação de um Conselho para a profissão que transforma habitat em frios números. Confinam espaços em planilhas e desvalorizam cada vez mais o importante trabalho do arquiteto, o projetista do espaço, o construtor da forma de viver na casa e na cidade. O poder público parece seguir o mesmo caminho. A participação dos profissionais no planejamento urbano em Porto Alegre, que já foi um exemplo para o Brasil, hoje está entregue às entidades representativas da “mão escondida”, assim como os cargos máximos do planejamento urbano, ou então do urbanismo.
E o que fazem as entidades de arquitetos, perguntava Wilheim? Não posso responder por todas, mas estou certo de que o IAB RS jamais se calou frente a tal fenômeno. E o IAB RS segue este caminho: de propor uma cadeia produtiva limpa, justa e ética; de debater e lutar pela cidade, pela arquitetura e pela cultura como direito social tão básico quanto todos os demais. Da unidade habitacional à paisagem urbana como patrimônio de todos, passando pelo uso livre e franco dos equipamentos e dos espaços públicos das cidades para todos os cidadãos.
A necessária valorização da arquitetura e urbanismo e do trabalho do arquiteto é também econômica, pela reinvindicação de honorários mais justos, mas sobretudo se faz pela retomada de um protagonismo perdido na produção do ambiente construído, tanto na esfera pública quanto na privada. Os bons exemplos estão aí, apesar das circunstâncias adversas, mas a transformação na escala que os profissionais e a sociedade precisam, só se dará através da ação coletiva. Assim, a atuação integrada das diferentes entidades de arquitetos é fundamental, mas também insuficiente.
A valorização da arquitetura e urbanismo, e por consequência, de seus profissionais, só se dará, portanto, se os mais amplos setores da sociedade reconhecê-la como componente essencial da vida coletiva e individual.
Neste sentido, entendemos que somente a organização social, e a atuação articulada com os movimentos sociais que reivindicam a cidade como direito, através do enfrentamento e do diálogo serão capazes de promover os avanços necessários não só para a valorização da profissão, mas também para o desenvolvimento do país de caráter distributivo, visando à redução das desigualdades socioespaciais que marcam a cartografia das cidades brasileiras.
Por fim, firmamos aqui e publicamente o compromisso da Gestão Cidade Movimento com os princípios de independência frente a partidos ou governos, que sempre marcaram o IAB. Neste sentido, penso ser necessário expressar, a fim de evitar qualquer especulação, que eu (assim como outro colegas desta gestão) não tenho qualquer filiação partidária, e mesmo que tivesse, minha trajetória sempre esteve alinhada aos princípios da independência e autonomia da sociedade civil.
O excelente trabalho de liderança do Tiago Holzmann fica evidenciado pelo fato de que a metade da nova Diretoria é composta por membros que darão sequência ao trabalho. Obrigado, Tiago. Aproveito para te convidar a manter-se próximo a nós durante os próximos 3 anos, nos aconselhando, já que os últimos 5 foram fáceis.
Agradecemos a presença de todos, e contamos com a parceria, participação e colaboração de vocês junto ao IAB, que, asseguramos, prosseguirá seu caminho de combatividade, sim, mas sem jamais se fechar ao diálogo franco e aberto com todos os setores da sociedade e do poder público do Estado do Rio Grande do Sul.