Em virtude dos efeitos da crise climática que se abateu sobre Porto Alegre e Rio Grande do Sul, a visitação da exposição “Portugal, 50 anos da Revolução dos Cravos”, inaugurada no dia 25 de abril no IAB RS, foi interrompida. A iniciativa foi reaberta no dia 3 de julho, e segue em cartaz até 31 de julho, com visitação disponível de segunda à sexta, das 10h às 12h, e das 14h30 às 17h30, na sede do IAB RS (Rua General Canabarro 363, Centro Histórico, em Porto Alegre). A entrada é franca.
A ditadura portuguesa iniciou-se por volta de 1933, momento em que António de Oliveira Salazar foi alçado ao poder. Ele foi substituído por Marcello Caetano em 1968, que foi deposto, então, no dia 25 de abril de 1974. A Revolução dos Cravos foi feita pelo Movimento das Forças Armadas (MFA), composto em sua maioria por capitães que participavam da Guerra Colonial, e teve como símbolo o cravo, que no dia dos eventos foi colocado na ponta das baionetas dos soldados, ofertado por uma mulher – Celeste Martins Caeiro. A guerra tentava manter o Império Português e impedir a independência de suas colônias, principalmente as africanas: Moçambique, Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde, entre outras.
A Revolução dos Cravos implantou em Portugal um regime democrático, as colônias obtiveram a sua independência e foi elaborada uma nova Constituição, a de 25 de abril de 1976. No momento em que se discute no mundo a importância da democracia, levando em consideração os acontecimentos no Brasil nos últimos anos, bem como a ascensão de movimentos de direita no mundo, comemorar os 50 anos da Revolução Portuguesa permite pensar sobre a importância da democracia e das questões que a envolvem.
As 47 peças que estão expostas ao público (pela primeira vez em Porto Alegre) fazem parte do acervo pessoal da arquiteta Daniela Fialho, que residiu com os pais em Portugal nos anos 1970. “Na época meus pais temiam ser presos no regime da ditadura aqui no Brasil, e estavam pensando em irem para a França. Eles conheciam um português exilado no Brasil por conta da ditadura salazarista. Após a Revolução, ele voltou ao seu país e convenceu meus pais a irem para lá também”, relembra.
A chegada ocorreu em novembro de 1974, após o 25 de abril. Daniela, com 12 anos de idade, acompanhou o restante do movimento revolucionário, que se estendeu até 1976, com as eleições e a constituição. Ela conta que passou a colecionar os cartazes ligados a revolução e suas manifestações. “Eu os fixava nas paredes do meu quarto, e quando voltamos para o Brasil em 1980 fiquei com pena de me desfazer deles e os trouxe comigo”, conta. “Durante muito tempo fiquei pensando o que fazer com eles, até que nesse ano, com os 50 anos da Revolução, me articulei com o IAB RS e a ADUFRGS Sindical para pensarmos em uma exposição. Acredito que são peças bastante significativas da época”, finaliza.