Da imersão de oito dias de encontros virtuais diários entre 50 pessoas de diferentes estados brasileiros – a maioria mulheres – surge o Guia ConectaLAB – Orientações para o Acesso à Água, um material didático que indica caminhos para solucionar problemas de abastecimento de água.
A partir da compreensão do acesso à água potável como um problema estrutural na realidade brasileira, as pessoas participantes foram divididas em 4 grupos. A tarefa era, a partir de situações reais que envolvem carência de abastecimento ou de acesso à água, propor soluções viáveis para os seguintes cenários: 1) bairro consolidado/periferia com abastecimento precário; 2) espaços públicos; 3) ocupação irregular; e 4) área rural.
Disso surgiram as diretrizes apresentadas no guia, que servem como orientações amplas que podem ser adaptadas a cada contexto local para fortalecer a mobilização pelo acesso à água. Os resultados das propostas elaboradas pelas participantes, bem como os processos e as metodologias aplicados no ConectaLAB, estão no Relatório de Atividades.
“Os quatro projetos são focados na construção coletiva”, conta Paula Motta, vice-presidente do IAB RS e uma das mediadoras do laboratório. Ou seja, a proposta alcançadas é que as soluções não sejam entregues prontas, mas construídas a partrir de cada realidade. “A preocupação é que as pessoas tenham autonomia de informação sobre os problemas para resolvê-los também de maneira autônoma”, resume Paula sobre o resultado do laboratório.
Paula destaca, ainda, que as propostas não pretendem substituir a responsabilidade do poder público e sim instrumentalizar as comunidades para que conheçam as possibilidades de atuação e cobrem ação dos gestores.
O guia e o relatório estão disponíveis em https://linktr.ee/ConectaLAB_IABRS, em lógica de conhecimento aberto para pessoas entenderem como foi o processo e, se quiserem, replicar.
Participaram Paula Motta, vice-presidente do IAB RS; Leonardo Brawl, urbanista e integrante do TransLAB.URB; Marussia Whately, urbanista do Instituto Água e Saneamento e uma das mentoras do laboratório; e dois participantes – Maria Lúcia Oliveira, militante das causas indígenas e negras de Teresina/PI, e Miguel Abudo Momade Ali, educador social e mestre em Gestão de Desenvolvimento, natural de Nampula, em Moçambique. A mediação foi de Nathalia Danezi, diretora adjunta de comunicação do IAB RS.
Brawl destaca a capacidade que o laboratório teve de unir sabedoria popular com conhecimento técnico, percepção que teve respaldo dos participantes. Miguel fez a defesa do “urbanismo colaborativo”, que é a participação popular nas políticas urbanas. Maria Lúcia destacou da fala do colega a importância de buscar as respostas nas comunidades. “E a academia tem que entender que a comunidade tem a resposta”, sustenta.
Paula contou o processo que levou à criação do laboratório, a partir da inquietação diante da crise sanitária provocada pela pandemia de Covid-19 e por entender o problema de abastecimento de água como estrutural no Brasil. Marussia alertou que o déficit de acesso à água potável “tem nome e endereço”, apontando as periferias de grandes centros urbanos, pequenos municípios e áreas rurais como principais afetados.
Fonte: Assessoria de imprensa IAB RS