A evolução urbana e arquitetônica da cidade permite vivenciar marcas de sua trajetória. Porto Alegre, porém, era carente de um registro abrangente. “A constatação de que não havia nenhum guia que mostrasse, destacasse e analisasse sua arquitetura nos diversos períodos históricos e estilísticos nos motivou a organizar todo este material. A arquitetura de Porto Alegre não é suficientemente conhecida e valorizada, mesmo por seus habitantes. São Paulo, Rio de Janeiro, Montevidéu, Buenos Aires e até mesmo Pelotas e Caxias do Sul, para ficarmos em exemplos próximos, têm seus guias de arquitetura “, explicam.
Curadoria e processo seletivo
A montagem do Guia levou em consideração os patrimônios já reconhecidos pelo poder público e o conhecimento dos idealizadores do projeto sobre a cidade. De uma lista inicial de 200 espaços, 100 foram selecionados. “A prioridade era divulgar os locais passíveis de visitação, já que o Guia não é direcionado especificamente aos arquitetos e urbanistas, mas principalmente aos moradores, turistas e visitantes da cidade”, explica Rodrigo. E se engana quem acha que o projeto está restrito a edificações. “Gostamos de frisar que além de prédios, há praças e exemplos de paisagismo e urbanismo, como é o caso do IAPI, inspirada no conceito de cidade-jardim”.
Arquitetura, história e estética
Novas e antigas edificações compartilham o mesmo espaço em Porto Alegre, conferindo-lhe uma estética arquitetônica bastante diversa. Esta é apenas uma das constatações dos arquitetos e urbanistas responsáveis pelo projeto. “É bem impressionante a quantidade de prédios antigos que receberam adições de um andar, ou até dois, acima da construção original, como o edifício que abriga a Secretaria da Fazenda”, destaca Vlademir.
Segundo o arquiteto e urbanista, o período modernista é pouco reconhecido, embora tenha contribuído com obras de boa qualidade, como os edifícios Jaguaribe e Esplanada, localizados na região central da cidade. “A Fundação Iberê Camargo, por exemplo, é um patrimônio reconhecido por grande parte da população, mas há todo um período recente do modernismo que precisa ser valorizado”. E complementa: “o objetivo do guia online é aumentar o relacionamento das pessoas com a cidade, fazer com que elas aprendam a olhar e passem a conhecer e valorizar seu patrimônio arquitetônico. Como diz Walter Benjamin, a cidade é um livro de pedras. Se a gente não lê, não a reconhece como cultura e testemunho da história”.
Sabrina Ortácio
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