O Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB RS) promoveu na noite de 06 de julho o debate “Guaíba: Rio ou Lago? ”. A mediação foi do arquiteto Júlio Celso Vargas, professor do Departamento de Urbanismo da UFRGS.
Participou da mesa o geólogo Elírio Ernetino Toldo Júnior, doutor em Geociências pela UFRGS, que apresentou seus estudos desenvolvidos na tese “Hidrossedimentologia do Rio Guaíba”. Para ele, o debate sobre a correta definição do Guaíba envolve duas questões fundamentais: o nome do lugar e a classificação ambiental. A primeira questão segundo Elírio é sobre a toponímia, ou seja, o nome próprio. A segunda está relacionada a critérios técnicos sobre a classificação do ambiente.
"O Guaíba possui um extenso canal com mais de 50 km de extensão, que controla o transporte dos sedimentos e o escoamento das águas de toda Bacia de Drenagem de Sudeste, principalmente através do Rio Jacuí.Canal é uma feição de fundo construída e mantida por um rio. Um lago não possui canal, além de ser um ambiente importador de sedimentos. A vazão média anual dos rios afluentes ao Guaíba é muito expressiva, típicas de rios de grande porte, da ordem de 1.483 m3/s (Vaz et al., 2001). As vazões máximas medidas excedem a 7.500 m3/s, principalmente no inverno. Situação oposta ocorre no verão com vazões de aproximadamente 600 m³/s", informou o geólogo Elírio Toldo.
O engenheiro civil Henrique Cezar Paz Wittler fez uma retomada histórica do que ocorreu desde 1979 até hoje, com o uso do topônimo Rio Guaíba e mais recentemente com o topônimo Lago Guaíba. Wittler ainda fez um relato dos interesses que nortearam a mudança do topônimo, além de apresentar um recente parecer do IBGE sobre o assunto, descrevendo o que compete à este Órgão Federal e por que da decisão.
Já o geólogo Rualdo Menegat, abordou o tema “Lago Guaíba: conhecer para preservar”. Para o doutor em Ciências na área de Ecologia de Paisagem (UFRGS) e doutor Honoris Causa pela Universidade Ada Byron, o Guaíba é o maior bem ambiental, ecológico e paisagístico da cidade de Porto Alegre. Contudo, para Menegat, sua classificação permanece sob inúmeras dúvidas.
Menegat discutiu as principais características por meio das quais esse corpo d’água deve ser definido como lago. O geólogo evidenciou aspectos históricos da denominação do Guaíba desde o século XVIII bem como científicos tendo por base conceitos da estratigrafia, geologia sedimentar, entre outros. " A dinâmica lacustre do Guaíba requer planos de gestão ambiental bem mais rigorosos do que aqueles que tem sido implementados. Afinal, ele é o único manancial de água para o abastecimento da capital gaúcha", discursou.
SAIBA MAIS SOBRE OS PARTICIPANTES:
Elírio Ernestino Toldo Júnior – Possui experiência na área de Oceanografia Geológica com pesquisa dos processos costeiros nos ambientes de praia lagunar e marinho, relacionados a dinâmica dos sedimentos, morfodinâmica, erosão e hidrodinâmica. Professor Titular no Departamento de Mineralogia e Petrologia, e Professor no Programa de Pós-Graduação em Geociências. Pesquisador Nível I do CNPq. Autor de 72 artigos científicos em periódicos nacionais e internacionais, 03 Livros e 20 Capítulos de Livros todos indexados com Corpo Editorial. Editor Convidado do Deep Sea Research II e Editor Convidado do Environmental Monitoring and Assessment. Orientador de 08 Teses de Doutorado, 15 Dissertações de Mestrado, 03 Supervisões de Pós-Doutorado. Orientador de 10 TCCs e 24 orientações de Iniciação Científica. Examinador em 207 bancas de Comissão Julgadora de Teses, Dissertações, Exames de Qualificação e TCCs. Membro de 10 bancas de Concurso Público e 03 bancas para o cargo de Professor Titular. Diretor do Centro de Estudos de Geologia Costeira e Oceânica entre 1997 e 2001, e Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Geociências entre 2009 e 2012. Consultor ad hoc de agências nacionais e internacionais de fomento à pesquisa.
Henrique Cezar Paz Wittler – Engenheiro Civil, diplomado pela Escola de Engenharia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, no período de 1964 a 1968. Análise de Elaboração de Projetos do Professor Mario Henrique Simonsen durante o ano de 1968. Programação FORTRAN, no Centro de Processamento de Dados da PUC/RS, em 1969. Pós-graduação em nível de Mestrado em Hidrologia Aplicada, Irrigação e Drenagem, no Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em 1972 e 1973. ATIVIDADES PROFISSIONAIS: Engenheiro do Setor de Saneamento do Departamento Nacional de Obras de Saneamento de 1969 a 1991. Participação na equipe técnica que estudou o aproveitamento hídrico da Bacia do Rio Camaquã, em 1970. Engenheiro do Setor Técnico do Departamento Nacional de Obras de Saneamento, período 1971 a 1972. Engenheiro da equipe técnica que realizou o estudo hidrológico, hidráulico e o projeto executivo da barragem do rio Camaquã, no período 1973/1974. Coordenador do Projeto Executivo das Obras de Proteção Contra Inundações no Vale do Rio dos Sinos, no período de 1974/1992. Engenheiro da equipe técnica do PRONI – Programa Nacional de Irrigação/DNOS, período 1986 à 1988.
Rualdo Menegat – Professor do Instituto de Geociências da UFRGS, geólogo, Mestre em Geociências (UFRGS), Doutor em Ciências na área de Ecologia de Paisagem (UFRGS), Doutor Honoris Causa (Universidade Ada Byron). Professor Unesco/Cátedra, de Desenvolvimento Sustentável/FLACAM. Membro do Grupo Episteme do Instituto Latino-Americano de Estudos Avançados da UFRGS, do Instituto de Estudos Avançados da UFRGS, assessor científico da National Geographic Brasil. Membro honorário do Fórum Nacional dos Cursos de Geologia. Membro da International Commission on History of Geological Sciences of the International Union of Geological Sciences e presidente da Seção Brasileira da International Association for Geoethics. Chefe do Departamento de Paleontologia e Estratigrafia.
Júlio Celso Borello Vargas – Professor do Departamento de Urbanismo da UFRGS, com mestrado em Planejamento Urbano e Regional e doutorado em Engenharia de Transportes pela mesma instituição, com estágio na Universidade de Washington, EUA. Autor de diversos artigos publicados em periódicos e anais de Congressos, atualmente dedica-se à área da mobilidade como parte do desenvolvimento urbano sustentável, conduzindo pesquisas sobre o transporte não motorizado com o uso de geoinformação e modelos computacionais. Integra o Grupo de Pesquisa e Extensão "Saúde Urbana, Ambiente e Desigualdades" e atua junto ao NTU/UFRGS – Núcleo de Tecnologia Urbana – na assessoria em temas de planejamento urbano e mobilidade. Fez parte do Cadastro Nacional para Capacitação de técnicos e comunidade para o planejamento participativo do Ministério das Cidades, foi membro do CMDUA – Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Ambiental de Porto Alegre – e conselheiro do CREA/RS – Conselho Regional de Arquitetura e Engenharia. Atualmente é Conselheiro do IAB-RS – Instituto de Arquitetos do Brasil.