A Sala Multiuso do Solar do IAB fcou pequena para um público diversificado e atento, que assistiu ao primeiro evento do Ciclo de Debates “Porto Alegre: Desafios Urbanos”, e que participou entusiasmadamente até seu encerramento em hora tardia.
O ciclo de eventos prevê uma série de encontros mensais que reunirão especialistas de áreas diversas no IAB-RS até o mês de Dezembro, conforme a programação publicada neste sítio eletrônico, sempre coordenados por arquitetos de reconhecida atuação em suas áreas de trabalho, e envolvendo debatedores de outras áreas do conhecimento, como Engenharia, Geologia, Direito, Geografia, Sociologia , Economia, Literatura, Artes, Educação, História, Antropologia, procurando abranger a extensa complexidade dos fenômenos urbanos.
No primeiro encontro, os debatedores LUCIANO de FARIA BRASIL (Promotor de Justiça de Habitação e Defesa da Ordem Urbanística, Ministério Público/RS), NANCI BEGNINI GIUGNO (Engenheira e membro da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental) e ELAINE OLIVEIRA dos SANTOS (Geógrafa, integrante do quadro do Departamento de Recursos Hídricos da Secretaria Estadual do Meio Ambiente – SEMA) expuseram considerações preliminares sobre o tema e em seguida responderam a perguntas da assistência.
O debate foi coordenado pelo Presidente do IAB-RS, Arq. Carlos Alberto Sant’Ana. Este abriu o debate apontando que antes de qualquer solução de projeto, a comunidade de Porto Alegre precisa definir um conceito do que deseja como ambiente de sua orla, e para isso é necessário um processo amplo de consulta popular, para que as decisões levem em consideração o desejo dos verdadeiros donos e usuários da orla do Guaíba.
A engenheira e sanitarista Nanci Begnini Giugno apontou para a necessidade de considerar as questões ambientais, o desejo da população e uma metodologia coerente e eficaz de projeto, resultando em um ambiente saudável. Questionou em seu pronunciamento a hesitação histórica dos poderes públicos em investir em saneamento ambiental e a contradição de se permitir atividades poluidoras sem exigir investimentos saneadores ou preventivos.
O promotor Luciano Brasil apontou o papel do Ministério Público na defesa do cumprimento das leis e da Constituição, um instrumento a ser melhor conhecido e usado pela população. Apontou que os projetos e trabalhos técnicos de iniciativa do poder público são bens e investimentos que pertencem em primeiro à população, e que considerando o princípio da economia na administração pública, não cabe serem ignorados ou desconsiderados por gestores sucessivos.
A geógrafa Elaine Oliveira dos Santos apontou a necessidade de se considerar bens ambientais como “Serviços Ambientais” que agregam valor ao longo do tempo, pois a ocupação harmônica, além de permitir ocupação de melhor qualidade para o ser humano, também oferece maior economia a longo prazo. Discorreu, ainda, sobre a necessidade de bem se aproveitar os instrumentos legais de proteção ambiental.
Debatendo “A Ocupação da Orla do Guaíba”, os convidados estabeleceram a necessidade de considerar-se os aspectos científicos, técnicos e legais, de forma a emprestar maior rigor e solidez ao justo pleito da população de Porto Alegre em defesa de seu ambiente. Somente dessa forma será possível evitar que emocionalidade e parcialidade enfraqueçam demandas legítimas.
O ciclo de debates “Porto Alegre: Desafios Urbanos” foi formatado para acolher diversos olhares sobre Porto Alegre e, mais que buscar soluções e encaminhamentos, abrir um amplo diálogo sobre as questões transdisciplinares estruturantes para o desenvolvimento da cidade. A organização do projeto é um mérito especial das arquitetas Flávia Boni Licht e Salma Cafruni.
Abaixo, galeria de fotos do evento.