Dando continuidade aos debates sobre o documento “10 pontos por um Projeto de Cidade”, que objetiva amplificar uma visão compartilhada sobre a produção urbana, um encontro no IAB-RS debateu a participação social na cidade nesta quarta-feira, 16 de outubro. A mesa redonda fez parte do projeto Quartas no IAB, que promove atividades semanalmente para arquitetos e comunidade, e foi organizada pela Comissão Cidades sob coordenação de Maria Teresa Albano.
O debate contou com a presença de Eduardo Speggiorion, gerente de Desenvolve Urbano e Rural da Caixa Econômica Federal; Claudia Favaro, integrante do Comitê Popular da Copa Porto Alegre; Ibirá Lucas, primeiro suplente de conselheiro da Região de Gestão de Planejamento; Rosane de Marco, conselheira titular da Região de Gestão de Planejamento Oito (RGP 8); e Milton Cruz – doutor em sociologia pela UFRGS e Pesquisador no Grupo de Pesquisa Democracia participativa, esfera pública e cidades/UFRGS/CNPq.
Eduardo Speggiorion comentou as dificuldades enfrentadas pela Caixa Econômica em estabelecer mecanismos efetivos para melhor compreender as demandas da população e, assim, direcionar de maneira mais adequada os recursos disponíveis para a produção da cidade. Nesse sentido, o arquiteto ainda apoiou a fala de Rosane, que observa a carência de um instituto que levante indicadores da gestão municipal de modo isento, oportunizando à população, imprensa e instituições uma avaliação mais adequada da cidade.
Já Claudia Favaro explicou que uma melhor distribuição de renda e mais mecanismos de acesso à moradia não fazem necessariamente com que o espaço urbano seja melhor compartilhado, visto que populações podem ficar restritas a áreas afastadas do trabalho, tendo consequências para a mobilidade e qualidade de vida. Acreditando que a cidade pode ser melhorada a partir sugestões de quem a usufrui, a arquiteta apontou que mecanismos de participação popular e democracia direta precisam se desenvolver.
Além de demonstrar a necessidade de um instituto que colha dados sobre a gestão municipal de maneira independente, Rosane de Marco apontou que a baixa adesão a discussões sobre a cidade é também fruto de experiências frustrantes. “ A gente perde o elã de tanto batalhar, repetir, trazer à tona discussões e muitas vezes ter um pequeno ou nulo retorno”, contou ela.
Ibirá Lucas também lamentou a pouca participação social no debate. “A elite conseguiu afastar inclusive a classe média das discussões”, apontou ele, complementando que “a classe média é muito heterogênea, mas alguns grupos desta podem ser transformadores, como vimos a partir de sua participação nos protestos de junho”. O conselheiro ainda lembrou que, apesar de todas as dificuldades, a participação em movimentos em prol de um melhor espaço urbano também é fonte de uma renovadora satisfação pessoal.
A falta de uma discussão pública mais ampla sobre o modelo de cidade foi um dos temas tratados por Milton Cruz. O sociólogo ressaltou que o desenvolvimento deveria respeitar a especificidade cultural da sociedade civil. Segundo ele, a Feira do Livro não ter entrado em pauta na discussão sobre cais Mauá é mais um exemplo de falta de um modelo norteador para a cidade.
O debate ainda contou ainda com contribuições da plateia. Opiniões e relatos de experiências foram compartilhados, possibilitando um ampla e enriquecedora discussão.
O ciclo Quartas no IAB tem apoio da Caixa Econômica Federal