Além de um bate-papo que promoveu um encontro de arquitetas da atual gestão com outras profissionais que participaram do IAB RS ao longo do tempo, o evento contou com performance artística e show de MPB.

As comemorações de 77 anos do Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento Rio Grande do Sul (IAB RS) foi marcada por mais uma edição do Bar do IAB, com total protagonismo para as mulheres. Em virtude do mês da mulher, a programação contou com um bate-papo que reuniu profissionais que compõem a atual diretoria da entidade e arquitetas que integraram este quadro ao longo do tempo. Além disso, a artista Paula Finn realizou uma performance artística, a DJ YASMINLOVE comandou a discotecagem, e a cantora Bárbara Bit interpretou clássicos da MPB.

Ao abrir o bate-papo, a co-presidente do IAB RS, Jéssica Neves, destacou que “é a nossa primeira gestão que tem maioria mulheres, então é muito especial esse momento para nós. Dados mostram que nos anos 1970 havia 10% de mulheres ocupando os conselhos, hoje esse número é de 57%, então isso é realmente uma conquista”, comemora. Na fala seguinte, a atual Diretora Financeira da entidade, Rochele Pizzolotto Lyrio, afirmou ter ficado muito feliz com o convite para o bate-papo. “Já havia participado da gestão passada como diretora administrativa, mas minha história com o IAB vem de 2006, quando comecei a frequentar a casa. O IAB me move muito por esse amor, pelas causas que a gente sempre trabalha, mas também pelas pessoas que se sentam do nosso lado”, disse.

Na sequência, a atua Conselheira Superior do IAB RS, Inês Martina Lersch, relembrou quando um professor de mestrado, em 2000, lhe aproximou do IAB. Em outra ocasião, em um projeto sobre edificações históricas, Martina traduziu o conteúdo para o alemão, e o objeto de estudo era o Solar do IAB. “O convite para estar aqui hoje permitiu que eu relembrasse muitas coisas. E depois de um tempo afastada eu retornei para essa casa, e trabalharmos juntas têm sido importante”, conta. A arquiteta ressaltou, ainda, alguns dados sobre o número de mulheres arquitetas a nível nacional. “Recentemente as pesquisas mostraram que nós somos 66% de arquitetas no Brasil. Então, sim, nós somos maioria, mas a gente também quer convidar os guris para trabalhar com a gente”, afirmou.

A co-presiente do IAB RS, Clarice de Oliveira, iniciou sua fala destacando as profissionais Salma Cafruni, Elena Santos Graeff, Maria Dalila Bohrer e Maria Teresa Albano. “Entre outras muitas mulheres, essas quatro, não fossem elas, não faríamos nem metade do nosso trabalho, porque elas nos dão os ensinamentos para seguir adiante. Então o nosso muito obrigado”. Clarice falou também sobre diferentes momentos do IAB diante desse crescimento de atuação das mulheres arquitetas e suas diferentes ondas de feminismo. “No IAB RS nós tivemos mulheres presidentes antes de muitos estados. Temos estados que até hoje não tiveram mulheres presidentes. Aqui no Rio Grande do Sul teve três mulheres presidentes do IAB, que é muito se observarmos a perspectiva nacional. A primeira mulher presidente do IAB Nacional foi a Maria Alice na gestão anterior. E isso só ocorreu depois de ter concorrido três vezes”, relembra.

Melina Monks, que tem uma história mais recente com a entidade, conta que após o período da pandemia o seu contato com o IAB retornou. “Eu senti esse espaço aqui sempre como um lugar de acolhimento. Depois de um tempo a gente se juntou eu e outras mulheres de Pelotas, eu sou de lá, nos juntamos para reativar o Núcleo Pelotas. É importante falar sobre isso neste momento, que a gente está relatando sobre a experiência de como é ser mulher dentro do IAB. Com certeza uma gestão de mulheres, há uma outra perspectiva”, concluiu. Por fim, a arquiteta Celma Paese contou sua experiência que data do início dos anos 1980, e depois de já frequentar a casa, recebeu um convite para integrar o conselho. “Eu me senti honrada pela importância que essa entidade tem para a profissão e em termos políticos. Eu admirava mulheres que estavam nos representando aqui dentro, e o feminismo é uma conquista diária, por isso ainda precisamos de um dia das mulheres para lembrar que somos mulheres”, finalizou.

Arte feita por mulheres

A noite contou com a performance Beobá, que deu vida à obra de Martina Nickel, artista visual responsável pela confecção da máscara utilizada por Paula Finn. A performer experimentou o mover dentro da máscara. Como ela define, “corpo-pássaro com pernas e braços. Os olhos abrem espaço para que os pés que enxerguem o chão. A atenção e espontaneidade do Beobá aos sons e texturas do chão e do ar vem carregada de tranquilidade e curiosidade, traços pertencentes à essa figura”.

Já a cantora Bárbara Bit, acompanhada de Gustavo Virissimo no violão, trouxe um repertório de música brasileira com canções que foram eternizadas em vozes de grandes mulheres como Elis Regina, Gal Costa, Maria Bethânia e Rita Lee.

A DJ YASMINLOVE é multiartista, designer de moda, e sua pesquisa musical mescla ritmos latinos, flamenco, jazz e groovy com música eletrônica. “Busco sempre tocar aquilo que gostaria de escutar numa festa ou ambiente, com um toque de surpresa”, é como ela define suas escolhas musicais.

A exposição “Na borda do mundo”, que reuniu sete artistas de diversos estados do Brasil com curadoria de Anelise Valls, encerrou seu ciclo de exposição, que ocupou duas salas do IAB RS durante um mês. Saiba mais sobre a exposição aqui.