Jorge Wilheim acreditava na vida. “Sou otimista, vivo fantasiando futuros bons: sou das utopias, e não das distopias. Não estou preparado para ir-me para sempre! Acho essa ameaça de finalização da vida muito injusta. É muito cedo… Viver é bom demais!”, reconheceu, num de seus muitos depoimentos marcantes.
Nascido em Trieste, na Itália, em 1928, mudou-se com a família para o Brasil no início dos anos 40. Formou-se pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e, ainda nos anos 50, foi incumbido de projetar uma nova cidade em Mato Grosso.
Ao longo da carreira, desenvolveu planos urbanísticos para diversas cidades, entre as quais São Paulo, Curitiba, Natal e Campinas, além do plano primeiro plano da macrometrópole paulista. Idealizou a figura do Plano Diretor de cidades, sendo também um dos mais importantes defensores no Brasil do conceito de Planejamento Estratégico.
A influência de Wilheim em diversas capitais brasileiras pode ser medida pelo exemplo de Curitiba. O arquiteto foi um dos idealizadores do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), depois de vencer o concurso, em 1964, para elaborar o Plano Preliminar de Urbanismo da cidade. O órgão foi a mola propulsora de todas as transformação urbanas da capital paranaense nas décadas seguintes.
Entre seus inúmeros projetos, estão marcos da capital paulistana, como a reurbanização do Vale do Anhangabaú e do Pateo do Collegio, e obras marcantes, como o prédio do Jockey Clube São Paulo, o Serviço Social das Indústrias (Sesi) de Vila Leopoldina, a sede da Fapesp, o centro de diagnóstico do Hospital Albert Einstein, entre muitos outras.
Como homem público, teve um grande papel. Foi secretário de Economia e Planejamento do Estado de São Paulo (1975-1979) e duas vezes secretário de planejamento da capital paulistana, na gestões de Mario Covas e Marta Suplicy.
No IAB, ocupou diversas posições, com atuação expressiva em defesa dos arquitetos. Durante a carreira, ganhou prêmios como o IAB de Urbanismo, IAB de Ensaio, Ordem do Mérito de Brasília, Tarsila do Amaral e Governador do Estado.
Publicou, ao longo da carreira, em três idiomas, livros sobre os fenômenos da cidade. Entre suas publicações, destacam-se “Cidades: o substantivo e o adjetivo” (Coleção Debates, Editora Perspectiva), “O caminho de Istambul: memórias de uma conferência da ONU” (Editora Paz e Terra) e o último lançamento, “São Paulo – uma interpretação” (Editora Senac).
Wilheim morreu na manhã desta sexta-feira, aos 85 anos, no Hospital Israelita Albert Einstein. Deixa esposa, dois filhos e netos. Ele estava internado desde que sofreu um acidente de carro, ainda no ano passado. O IAB manifesta profundo pesar pela morte do arquiteto e se solidariza com a família e os amigos.