“ O Plano Geral de Melhoramentos de Porto Alegre de 1914, elaborado pelo engenheiro-arquiteto João Moreira Maciel, orientou a marcha da modernização da cidade, propondo, pela primeira vez de forma organizada e abrangente, os melhoramentos gerais e deixando traços na sua estrutura urbana, que traduzem, hoje, a própria identidade de Porto Alegre”, destacou Célia.
Ela acredita, que na época, o Partido Republicano Riograndense (PRR) influenciou os técnicos e engenheiros que adotaram a doutrina positivista. “Os políticos queriam também que se melhorasse as condições da cidade. O PRR tinha essa preocupação. A prefeitura tinha que se organizar para prestar esse serviço, porque não havia nada organizado. E começaram, trouxeram do Rio de Janeiro pessoas com preparo, isso já desde a década de 1890. E estudaram os problemas, distribuição da água, esgoto, o saneamento. A Redenção, por exemplo, recebia enxurradas, qualquer chuva, a água da Independência descia e não tinha escoamento suficiente, então ficava um banhado. Por volta de 1912, resolveram criar uma comissão de melhoramentos, para a preparação do Plano”, informou Célia Ferraz de Souza.
A arquiteta Maria Soares de Almeida destacou a modernização e identidade que estão presentes nas obras que vão da Avenida Borges de Medeiros à Avenida Farrapos e da canalização do riacho Ipiranga ao Parque Farroupilha, para citar aqui algumas das maiores referências de Porto Alegre. Ela também lembrou do trabalho de Arnaldo Gladosch, engenheiro-arquiteto, que foi contratado em 21 de dezembro de 1938 pelo prefeito José Loureiro da Silva, para realizar o Plano Diretor da Cidade de Porto Alegre. “ Esse Plano contém diretrizes relativas ao saneamento e expansão da cidade, orientação e regulamento do traçado das vias de comunicação, distribuição dos espaços livres, e ampliação da área portuária”, explicou Almeida.
“O primeiro Plano Diretor de Porto Alegre é de 1959, quando o prefeito era José Loureiro da Silva. Nele foram lançadas diretrizes para o sistema viário de Porto Alegre, algumas das quais até hoje vêm sendo obedecidas, como o alargamento das principais radiais da cidade ou, até mesmo, a criação delas. A Terceira Perimetral, por exemplo, em toda a sua extensão, foi pensada por Loureiro lá em 1959”, destacou a arquiteta Maria Soares de Almeida.
De acordo com Rafael Passos, presidente do IAB RS, o objetivo do Ciclo é subsidiar o processo de revisão dos planos diretores municipais e, em particular, a revisão do PDDUA de Porto Alegre. “Até o final do ano, estaremos discutindo, em algumas das “Quarta no IAB”, diversos temas relacionados com planos diretores de cidades”, adiantou.
A proposta do IAB RS é iniciar uma série histórica sobre os planos de Porto Alegre e seus legados para a cidade. Em seguida, o foco será o tema da gestão, abordando, entre outros, os conselhos municipais de desenvolvimento urbano e o sistema de planejamento. Na sequência, será tratada a questão do uso e ocupação do solo associada com as estratégias delineadas no PDDUA.
Por fim, serão debatidos ainda alguns instrumentos específicos como os de financiamento da cidade e temas de interesse geral. No último mês do ciclo de debates será realizado o seminário Planejamento da Cidade Sustentável.