A diretora de comunicação do IAB RS, Jéssica Neves, participou do programa Conversas Cruzadas, da RBS TV, transmitido ao vivo pelo Youtube, na tarde dessa quinta-feira (8/8). Em formato de debate, a atração trouxe o tema da construção de prédios chamados de espigões, ou seja, prédios muito mais elevados do que as construções já existentes, e contou com a presença do professor de arquitetura da UFRGS, Eber Marzulo, do consultor do Sinduscon-RS, Antonio Zago, e do arquiteto Anthony Ling. A apresentação é de Gabriel Jacobsen.
O assunto ganhou novos contornos após as enchentes que atingiram o estado no mês de maio, e conta com diferentes pontos de vista, tanto defendendo quanto considerando as construções inadequadas. Entre os argumentos de quem defende essas construções está a possibilidade de concentrar mais apartamentos em um mesmo espaço, em um processo chamado de verticalização. Por outro lado, esses prédios podem interferir na incidência de luz, na ventilação das cidades, entre outros aspectos.
“Por que não aumentar o tamanho dos prédios?”. A pergunta foi feita para Jéssica Neves, que ressaltou que “a verticalização não é sinônimo de densificação. Você tem um bairro denso mas sem espigões nele. Até porque tem outros fatores envolvidos, como por exemplo o número de famílias que serão abrigadas de fato naquela construção. E a gente tem dados de muitos imóveis vazios, especialmente na área central de Porto Alegre, então não há muita justificativa para esses empreendimentos se existem esses espaços que poderiam ser aproveitados”.
O consultor do Sinduscon-RS, Antonio Zago, reiterou que não tem preconceito com a construção dos espigões. “Não tenho nada contra a verticalização, existem muitos outros temas que precisam ser debatidos. A altura e volumetria de um prédio precisa ser resultado de vários outros fatores”, disse. Para o arquiteto Anthony Ling, disse que “depende. Eu não concordo com a premissa de que aumentar a altura vai melhorar o aproveitamento do terreno”. Já o professor Eber Marzulo, em sua introdução, afirmou que “desde a situação mostrada no filme Acquarius, com Sônia Braga, até a proposta recente dos planos regionais para o Centro Histórico e o Quarto Distrito, bem como a reformulação do Plano Diretor de Porto Alegre, messe padrão de discussão eu sou contra os espigões”, afirma.
Durante a conversa, Jéssica pontuou outros pontos importantes. “Concordamos que a qualidade de vida está atrelada ao acesso à todos os serviços que uma cidade oferece. É muito importante trazermos a questão da habitação de interesse social. Quando eu tenho novos empreendimentos que não estão atendendo a demanda dessas famílias mais vulnerabilizadas, eu não estou projetando uma cidade para elas também. É uma cidade que está sendo segregacionista, exclusiva para alguns. Me parece, na situação atual de Porto Alegre, é que os projetos possuem mais foco no investimento”, conclui.
Os espectadores participaram de uma enquete que perguntava se eram a favor ou contra a construção dos espigões. Ao final, o resultado mostrou que 49% são contra, 42% a favor, e 8% não tem opinião formada.
Assista ao programa na íntegra clicando nesse link.