Em sua curtíssima permanência em Porto Alegre, nos dias 20 e 21 de maio, Demetre Anastassakis cumpriu uma agenda cheia, que incluiu uma palestra na Uniritter sobre habitação popular, sua experiência na área e seus planos à frente do IAB nacional. E principalmente, a divulgação do Concurso Nacional de Arquitetura para a Procuradoria Regional da 4ª Região, considerando que o estímulo aos concursos públicos é uma das maiores plataformas de sua gestão. Na Faculdade Ritter dos Reis, iniciou parabenizando o Rio Grande do Sul, o Estado que mais consegue realizar Concursos de Arquitetura, o que lhe valeu a indicação para que sediasse a Comissão de Concursos. “Acho que os concursos bem sucedidos atraem a atenção e promovem uma disputa sadia. Vários de nós temos vitórias em concursos”, afirmou. Sua história de vida está diretamente ligada a este tema: filho de imigrantes e criado em Nova Iguaçu, uma cidade-dormitório da periferia do Rio de Janeiro, não teria outro meio para se destacar na profissão, senão ganhando concursos. “Em habitação popular, o Brasil está vivendo com 100 anos de atraso”, afirmou, referindo-se à lei do consumidor, que não chegou para a população de baixa renda, em termos de moradia. “O pobre não tem direito de escolher o bairro e o projeto de sua casa. Em vez de discutir o Orçamento Participativo, deveria ser discutido isto. Esta seria uma grande luta, conseguir fazer com que o trabalho da gente fosse socializado. Por que não temos um SUS da Arquitetura?”, questionou. Mais uma vez, o arquiteto criticou a Caixa Econômica Federal, que criou uma lógica própria de burocracia, e o FGTS, que não pode ser utilizado para comprar tijolos ou pagar o arquiteto. E explicou que este é um dos motivos pelos quais decidiu pegar a direção nacional do IAB, mas que a ‘pedra no caminho’ é o sistema CONFEA/CREA, para o qual a categoria contribui e que congrega mais de 300 profissões. “Vamos imaginar um conselho com médicos, veterinários, acupunturistas, psiquiatras, etc. Como uma categoria pode cassar outra? Quem protege a sociedade do mau exercício da profissão deve ser um conselho”, afirmou. Sobre a criação do conselho próprio de Arquitetura, tanto na esfera federal quanto regional, disse que hoje não há oposição formal e os que se posicionam contra dizem que tem que haver mais discussão com as bases. Quanto ao seu jeito peculiar de projetar, utilizando o brinquedo Lego, diz que já adquiriu as peças deste jogo em regime de comodato e não se incomodou em posar de garoto-propaganda. “O Lego é o jogo de quem quer se expressar e eu faço Arquitetura Lego. Cada produto que lanço pode ser agregado. Não tenho a ânsia da originalidade, com o tempo fui sendo dobrado”, concluiu. Enquanto esperava para dar entrevista em uma emissora de rádio, Demetre detalhou alguns itens para o site IAB-RS: Promoção de Concursos – O maior efeito externo é o do ciúme: um dirigente vê um concurso que dá certo e fica com ciúme da mídia que ele não fez. O IAB-RS tem simplificado o processo, sem deixar de lado a seriedade, tendo sido pioneiro. Acho que temos que tentar lutar para os ‘Concursos por atacado’, ou seja, num só conseguir vários contratos. Como o “Favela Bairro”, no Rio de Janeiro, onde se tirou 15 contratos. Comunicação eletrônica (site e informativo eletrônico) – Estamos pensando como uniformizar sem pausterizar os informativos dos IABs de todo o país. Os diretores administrativo e cultural estão pensando em ajudar os menores, disponibilizando o trabalho dos Estados mais adiantados, que por ordem são São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Está muito disseminada a comunicação por e-mail, mas via sites não. Projeto de lei criando o Conselho de Arquitetura – Os senadores ficaram fascinados na audiência do dia 12 de maio e se compremeteram com a causa. Eles continuam estudando a juricidade e avaliando se é de competência do Executivo ou Legislativo. Se puderem resolver, acho que teremos um parecer favorável. Não temos nada contra o sistema CONFEA/CREA, mas estamos num conselho com outras profissões. Temos força de articulação política e força econômica acima do nosso número, ou seja, a contribuição que os arquitetos dão equivale a 8%. O sistema abriga 875 mil pessoas, destas, 80 mil são arquitetos e colaboramos com 15% do dinheiro, não ganhando contrapartida. Cada vez que faço um projeto, contribuo com a ART e isto não acontece na atividade médica, por exemplo. Temos que dividir patrimônio na medida de nossa contribuição, que vem sendo feita desde a década de 30, e não numérica. E queremos fazer fraternalmente, com um divórcio amigável, assim como o sombreamento entre as atribuições do engenheiro civil e do arquiteto. Morremos de inveja dos advogados, que têm a OAB, que é a mais independente das autarquias. Nosso sonho é ter uma instituição nestes moldes: prestando contas, mas independente.
Em defesa de um ensino de arquitetura e urbanismo com qualidade, ética e respeito
IAB DN se manifesta sobre as mudanças nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) O IAB DN vem acompanhando