Crédito: Assessoria de imprensa Governo do Estado.
Na ocasião, o grupo entregou um relatório preliminar de impacto no meio ambiente
O tradicional Parque do Palácio, em Canela, na Serra Gaúcha, vem sendo tema de debates entre a prefeitura e entidades ligadas ao urbanismo e ao meio ambiente. A discussão retoma uma pauta antiga, que trata sobre a construção de um centro de eventos dentro do local, afetando importantes biomas que compõem a região. O núcleo Hortênsias do Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento Rio Grande do Sul (IAB/RS), comunidade e autoridades participaram de uma audiência com o governador do Estado, Eduardo Leite, para solicitar maior atenção para o debate e apresentar um estudo ambiental.
De acordo com proposta protocolada na Casa Legislativa, a justificativa do projeto da prefeitura parte da doação do Parque por parte do Estado em 2010. Na época, sob o governo de Yeda Crusius, essa doação teria como contrapartida a construção de um centro de eventos, e caso não fosse feita, voltaria ao poder do Estado.
O vice-presidente do Núcleo Hortênsias do IAB/RS, Márcio Ribas, aponta que a obra teria um impacto muito grande no meio ambiente. “A prefeitura nunca apresentou nenhum estudo ambiental, social, cultural ou econômico. A partir do nosso interesse e da comunidade em preservar o uso do parque, fomos contrários. Estamos propondo um estudo de viabilidade que ampare a questão ambiental, dando voz para a comunidade, que há 10 anos é contrária e está combatendo essa vontade do poder público”, conta.
O Parque do Palácio reúne os três principais biomas que compõem a Serra Gaúcha: os Campos de Cima da Serra, a Mata Atlântica e a Floresta de Araucárias. Diante deste contexto único, o grupo deixou exposto ao governador que a área cedida pelo Estado ao município merece mais atenção por parte do poder estadual e, diante dos últimos acontecimentos envolvendo a gestão pública municipal, essa também deve se manifestar quanto a importância deste patrimônio natural e histórico. Ainda, destacaram o seu potencial estratégico para o desenvolvimento do ecoturismo e bem estar sociocultural da população de Canela.
Conforme explica Ribas, a reunião serviu ainda para mostrar todo o histórico do movimento feito por diversas entidades, como o IAB/RS, e um estudo ambiental preliminar realizado no local. “O propósito foi destacar esse estudo, que contempla os âmbitos ambiental e urbanístico, com o objetivo de desenvolver um projeto alternativo de parque com lazer, natureza e cultura, junto ao poder público estadual”, conta. O estudo será apresentado, também, para o poder municipal.
Ribas destaca que há uma percepção por parte do governador de que a área precisa de atenção do poder público, e que o seu uso seja destinado à população, sem restrições e interferências no meio ambiente. “A área ainda está cedida para a cidade de Canela, e acreditamos que, pelo que foi falado, o interesse seja manter a área do parque para o município. Temos consciência de que o governador entendeu o sentido do parque, até porque lá está sediada a casa de verão do governador, é uma área de uso para o estado, e ele entende que é preciso um uso mais cauteloso”, afirma. Ele ressalta, ainda, que “o arquiteto Marcio Carvalho foi fundamental na articulação e diálogo com entidades e governos na formatação desse documento”.
Os próximos passos são pensados em uma forma de gestão de viabilidade, com a realização de novos estudos. “Entendemos que precisamos aprofundar e criar um sentido maior para o parque, além de capacitar e conscientizar a comunidade e os vereadores de que a área é muito importante”, finaliza.
Entidades como Amigos do Parque, Amigos das Araucárias, Conselho Municipal de Cultura e Associação Comercial e Industrial de Canela (CIC), Movimento Ambientalista da Região das Hortênsias e membros da sociedade civil apoiam o movimento. As faculdades de Arquitetura da Universidade de Caxias do Sul (UCS) e da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) estão com as disciplinas de planejamento urbano e territorial trabalhando sobre a área do Parque do Palácio.