A Diretoria do IAB-RS – gestão 2008-2009 – empenhou-se, por todo o último ano, na inovação administrativa do IAB-RS, preparando-o para a iminente criação do CONSELHO DE ARQUITETOS E URBANISTAS – CAU, que deverá causar uma profunda mudança na profissão. Nossa entidade se prepara para atuar fortemente na organização dos profissionais e na discussão dos problemas enfrentados pela Arquitetura no Brasil e no processo de transição para o novo Conselho. Há poucos dias o Presidente Lula encaminhou ao Congresso Nacional o Projeto de Lei que cria o CAU. Em 2008, após festejarmos a aprovação de um projeto semelhante, tivemos a desilusão de vê-lo vetado por vício de origem, pois fora proposto pelo Legislativo e não pelo Executivo, como manda a Constituição Federal. Mesmo assim o IAB-RS percebeu um grande avanço da causa, pois hoje todos os poderes da República trabalham para a aprovação do nosso Conselho. O Congresso Nacional já está ciente da pesquisa nacional realizada pelo CONFEA demonstrando que setenta e cinco por cento dos arquitetos brasileiros se manifestaram favoráveis ao CAU. Portanto, a perspectiva animadora é de que o Conselho de Arquitetos e Urbanistas seja criado em breve, concretizando um antigo sonho dos arquitetos brasileiros. Precisamos questionar o papel do IAB nesta transição e encontrar os meios pelos quais nossa associação profissional, que aos 87 anos, é a mais antiga associação de arquitetos do Brasil, poderá contribuir na organização do novo Conselho. E, principalmente, como garantir que o conselho será um avanço real em direção às necessidades de nossa profissão. Primeiramente, nos conscientizemos que o IAB e o CAU serão entidades com natureza e finalidades diferentes, mas complementares. Um Conselho profissional, que tem natureza de autarquia federal e poder de polícia, objetiva defender o interesse público, garantindo que a profissão seja exercida conforme a Lei. Para isso o Conselho terá a maior legitimidade possível, graças à gestão democrática, pois os profissionais elegerão diretamente seus Conselheiros. O CAU será mais eficiente no controle do exercício profissional, pois este será realizado pelos próprios arquitetos e urbanistas. Queremos que seja um órgão enxuto, econômico e transparente, que valorize a comunicação com os profissionais que registra. Mas, dentro de sua natureza de órgão público, o Conselho é limitado aos aspectos legais e éticos do exercício profissional, não podendo abertamente ser um representante das causas profissionais. A criação do CAU tornará o IAB mais necessário do que nunca. Pois são as entidades que falam em nome dos profissionais, que organizam as discussões das quais se originam as convicções coletivas, mantendo a pluralidade. Sua natureza privada e representativa traz maior liberdade de lutar diretamente pelo interesse dos profissionais. Em breve estará em nossas mãos uma tarefa nova, de estabelecer normas de fiscalização (mesmo que aproveitemos a experiência do atual sistema) organizar a burocracia necessária ao funcionamento do Conselho, as práticas de representação e outras questões que serão resolvidas a seu tempo, em um ambiente estruturado e propício à discussão. Parece claro, portanto, que o IAB é o âmbito indicado, capaz de congregar a ampla maioria dos profissionais, ainda que dedicados a atividades de diferentes naturezas, para que formemos o consenso necessário a respeito de como melhor organizar o CAU. Não nos iludamos, alguns problemas do atual sistema multiprofissional podem vir a se trasladar para o novo conselho, pois qualquer órgão é formado antes de mais nada por pessoas, e as práticas profissionais dependem de quem as implantar. Para que nosso futuro conselho tenha sucesso, é imperativo uma renovação radical da concepção administrativa atual, ou teremos, como disse o recém empossado presidente norte-americano “..mais do mesmo”. Não é o que desejamos, queremos um conselho novo, com novas práticas e uma organização mais eficiente. A arquitetura ainda é vista no Brasil como um bem supérfluo; luxo para os ricos, gasto para os pobres. Prevalece entre a população e mesmo entre os membros da assim chamada elite brasileira o desapreço pelo planejamento e pelos valores culturais e estéticos e a idéia de que a construção é uma atividade eminentemente tecnológica, e a visão imediatista do negócio se impõe onde não deveria, sobre os interesses públicos, no planejamento urbano e na administração publica. Como conseqüência, observamos o ambiente em que vivemos degradar-se em qualidade a cada instante. Desde a situação de completa ausência de arquitetura das construções informais, de custo altíssimo relativamente à sua precariedade, até o padrão em declínio impingido pela indústria da construção civil brasileira. O planejamento urbano é contaminado por uma visão imediatista que torna as cidades cada vez mais caóticas, ambientalmente insatisfatórias, energeticamente perdulárias e socialmente injustas. Vemos os arquitetos progressivamente reduzidos a meros despachantes de projetos, cuja aprovação facilitada dispensa qualidade arquitetônica, desnecessária para empurrar mercadoria aos desavisados. Por conseqüência, o arquiteto é hoje um dos que percebem a pior remuneração média dentre as profissões regulamentadas de nível superior e na cadeia produtiva a que pertence. A melhoria deste quadro passa por uma abordagem múltipla, em que a defesa da legislação profissional por um Conselho bem focado e objetivo se some à atuação das entidades representativas de forma coordenada, com o fim de valorizar a arquitetura e revelar sua verdadeira natureza como um direito de todos. A sociedade tem o direito de ver atendidas suas necessidades por profissionais de arquitetura e urbanismo, para que os recursos investidos na elaboração do espaço de nossas cidades seja em proveito da grande maioria da população, e que às futuras gerações seja legado um patrimônio com valor maior que a mercadoria a que foram reduzidas nossas cidades. O IAB conclama a todos os colegas a unirem-se aos seus esforços neste futuro próximo, organizando-se para agir democrática e consequentemente. O sucesso deste objetivo depende unicamente de um pequeno esforço individual se for abraçado por todos.
Atuação profissional no patrimônio no contexto da crise climática encerra ciclo de palestras no IAB RS
O último encontro promovido pelo IAB RS em função do mês do patrimônio ocorreu na noite de quarta-feira (4), na sede da entidade, em Porto Alegre, e destacou a função do profissional do setor diante do contexto de emergência climática.