Evento promovido pelo IAB DN com apoio do IAB RS discutiu o futuro das cidades diante das mudanças climáticas.
O futuro da cidade e o seu patrimônio foi tema do webinar “Planejamento e Patrimônio das Cidades em Emergência Climática, promovido pelo IAB DN com apoio do IAB RS, no dia 14 de agosto, como parte do mês do patrimônio idealizado pelo Departamento Rio Grande do Sul. O encontro realizado em modo híbrido, com transmissão pela internet e presencial no Solar do IAB, contou com a presença da copresidente do IAB RS, Clarice de Oliveira; do arquiteto e urbanista e Superintendente do IPHAN-RS, Rafael Passos; com mediação do presidente do IAB DN, Odilo Almeida Filho.
Clarice iniciou sua fala destacando a importância para o IAB falar sobre o que está acontecendo no Rio Grande do Sul. “Não apenas a partir da perspectiva da preservação do patrimônio, mas de reconstrução das cidades, de forma que possamos dialogar com as propostas para mitigar efeitos ambientais no território”, disse. Para a copresidente, arquitetos e urbanistas, assim como profissionais de outras áreas, precisam se debruçar sobre o problema, e verificar o que precisa ser feito, o que não foi feito, e o que deve ser feito para modificar e evitar novas tragédias. “Através da Comissão Cidades do IAB RS, elaboramos um manifesto escrito em um momento imediato do pós tragédia, quando se desenhavam soluções, e percebemos que além de respostas emergenciais, precisamos pensar em respostas de médio e longo prazo”, disse.
Entre as questões apontadas estão as atenções que precisam ser dadas em todas as escalas do planejamento urbano e da arquitetura, especialmente no que diz respeito às moradias. “Precisamos de instituições do Estado que deem conta do planejamento regional, mas também diálogo entre diferentes municípios, diferentes entes federativos atuando em diálogo, e isso é um desafio político, que anda junto com o desafio técnico”, afirma Clarice. A copresidente citou, ainda, diferentes relatórios que foram apresentados ao longo do tempo apontando a fragilidade de sistemas de proteção, mas que não foram colocados em prática.
Rafael Passos destaca a amplitude do caso ocorrido no Estado. “Vivemos tragédias similares em menos de um ano. É uma consequência de ações humanas em diferentes escalas, ou seja, a cidade que se construiu até hoje, parte dela é causa. Ela representa a materialidade de um modelo de desenvolvimento que nos trouxe até aqui”, aponta. Passos ressalta que é a primeira vez que uma tragédia como essa atinge tantas pessoas ao mesmo tempo, superando o evento de 1941. “Na questão do patrimônio, começando a mapear e entender, identificando as consequências, do ponto de vista do patrimônio edificado, e não tivemos consequências catastróficas, porque não chegamos ao ponto de perder edificações”, releva.
“Nós contávamos com um sistema que ia funcionar, e não funcionou. É importante entender a diferença de impactos nas regiões. Cidades inteiras ou quase inteiras atingidas, algumas duas vezes. Em Porto Alegre, acervos inteiros ficaram em baixo da água por mais de 20 dias. O que fazer para se preparar? Fenômenos cada vez estão mais frequentes, então precisamos pensar nessas questões”, finaliza.
O debate pode ser assistido na íntegra aqui.