A campanha "quartos da quarentena", iniciada em Minas Gerais e inspirada em iniciativas semelhantes de outros países, prevê que o poder público custeie essa estadia. É mais uma forma de evitar a disseminação da Covid-19 e, ao mesmo tempo, incentivar a economia do setor de hotelaria, afetado pela doença.
Alexandre Rosa Bento, que é professor de arquitetura e urbanismo na Feevale e diretor do IAB RS, explica que a primeira fase contempla profissionais que atuam em todas as etapas atendimento em saúde: são médicos, enfermeiros, funcionários de limpeza e cozinha.
Num segundo momento, a campanha pode se estender para grupos de risco entre a população mais vulnerável, que vive em condições precárias de habitação, o que não permite o isolamento adequado. Nessa fase, a proposta inclui a adaptação de edifícios públicos em desuso.
A campanha "quartos da quarentena" foi lançada aqui com parceria do coletivo Minha Porto Alegre, que tem experiência em mobilizações conhecidas como "panela de pressão" – o envio automatizado de e-mails para um único alvo, o que demonstra o interesse social no assunto.
Bento explica que, como esse alvo para adesão à campanha é o governo do Estado, a abrangência não fica restrita a Porto Alegre, podendo ser adotada nos municípios que tenham interesse.
A escolha de hotéis como os equipamentos públicos para receber esses profissionais em isolamento, além de ser inspirada em práticas adotadas em outros países, tem como propósito fomentar o setor hoteleiro, evitando que funcionários sejam demitidos.
Além das pessoas que enviaram e-mail ao governador Eduardo Leite (PSDB) pedindo para implementar essa medida, a campanha "quartos da quarentena" conta também com a apoio de empresários e representantes do setor hoteleiro em Porto Alegre.
Em outros estados, como Rio de Janeiro e São Paulo, iniciativas como essa já são realidade e partiram do próprio poder público. No Rio, o foco é atender idosos em situação de vulnerabilidade social. Em São Paulo, hotéis próximos a hospitais de campanha abrigam os profissionais de saúde. Proposta semelhante é estudada pelo governo do Distrito Federal.