O evento online teve participação da arquiteta e urbanista Alice Rauber, que integra a rede Urbanismo Contra o Corona; do professor do Departamento de Urbanismo da Ufrgs Júlio Celso Vargas; da vereadora Karen Santos (PSOL), militante do coletivo Alicerce; e do economista André Coutinho Augustin, pesquisador do Observatório das Metrópoles em Porto Alegre.
Alice iniciou o debate apresentando uma nova leitura para o mapeamento da Covid-19 na Capital, trabalho que pode auxiliar a entender a forma de avanço da doença para, a partir disso, pensar políticas públicas eficientes para controle da disseminação.
A partir dessa avaliação, Karen e André apontaram como erro da prefeitura a redução no número de linhas no período de quarentena. Embora haja grande redução de passageiros, parcela da população segue trabalhando, especialmente nas atividades consideradas essenciais.
“O ideal é que nem se precisasse usar ônibus. Mas, já que precisa, prefeitura deveria oferecer mais ônibus”, alertou André. O que acontece, entretanto, é que a prefeitura cedeu à pressão empresarial ao permitir o corte de linhas justamente durante a pandemia.
“Algumas linhas da Zona Sul foram assumidas pela Carris, o que mostra a necessidade da empresa pública”, defende Karen. André pondera: “a Carris agora assume linhas mais deficitárias para depois dizer que tem prejuízo e justificar a privatização”.
Em sua intervenção, Vargas defendeu o transporte coletivo público, e criticou o discurso do futuro da mobilidade como serviço – lógica dos aplicativos de transporte. “Parece solução, mas é mais uma pegadinha do capital”, disse, lembrando que zonas de baixa renda da cidade não são atendidas pelas empresas privadas prestadoras deste serviço.
Para Vargas, o caminho não é individualizar a solução do problema, pois “a coletividade não vai morrer”. André completou que “a rua é necessariamente pública”, exemplificando que os carros só existem porque o poder público constrói e regula estradas, além de financiar empresas. Exemplo disso está no gasto previsto pela Lei Orçamentária Anual de 2020 para infraestrutura viária em Porto Alegre, que é de R$ 181.544.435.
Ao final, Alice provocou a relação entre as pautas de saúde e de mobilidade, ao avaliar que é mais barato subsidiar o transporte público agora a financiar um leito em UTI. “Falta as políticas públicas estarem conectadas”.
A atividade foi mediada por Bruna Tavares, diretora de comunicação do IAB RS, e contou com a participação do presidente da entidade Rafael Passos. O vídeo está disponível na página do IAB RS no facebook.