“Vivenciamos um sequestro do Espaço Público”, afirmou o sociólogo Eber Marzulo em palestra no IAB RS

Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no linkedin
O sociólogo Eber Pires Marzulo foi o convidado da última edição da “Quarta no IAB” realizada na noite de ontem (31/07) na sede do Instituto. A proposta do evento foi abrir espaço para discutir a importância das manifestações que tomaram conta das ruas de todo o país neste ano e a relevância da ocupação do espaço público.
O doutor em Planejamento Urbano e Regional discutiu o tema “Sobre democracia e espaço público”, abordando as manifestações populares assim como suas reivindicações. A conversa teve como embasamento o artigo "Sobre democracia e espaço público", de autoria do convidado. “Quando se tem um controle do espaço público, seja pelo Estado, seja pelo privado, a democracia está em risco. É por isto, e nada mais, que a conquista do espaço público implica na expansão da democracia e a experiência democrática alastra o espaço público”, defende Marzulo.
Para ele, vivenciamos um “sequestro” do espaço público depois de uma série de privatizações. Marzulo acredita que no Estado Democrático de Direito há um embate clássico. Segundo ele, o que garante o funcionamento é o princípio democrático e individualmente vamos presenciar movimentos históricos, com rupturas de direito com base na radicalização. “Assim teremos os avanços dos direitos e da democracia”, afirmou o sociólogo.
Como exemplo destes movimentos, Marzulo citou a ocupação na câmara de vereadores de Porto Alegre. “Nos últimos dois anos tivemos casos assim. São movimentos que colocam em discussão do que é público em busca de um resgate da cidade. Essas mobilizações apontam para uma consciência civil em relação aos interesses privados”, disse. “Outro ponto são as adoções de espaços públicos por empresas privadas, onde se coloca em cheque o direito de Estado”, acrescentou.
A questão do vandalismo urbano também foi avaliada pelo sociólogo. Para ele, as ações dos vândalos são influenciadas pela "Black Bloc", estratégia de manifestação que se autodenomina anarquista e prega a desobediência civil nas redes sociais. “Os símbolos do Black Bloc, como o uso do capuz, se inspiraram em grupos antiglobalização presentes na Europa desde os anos 1980. Sua existência chamou a atenção da mídia pela primeira vez em 1999, quando protestos contra uma conferência da Organização Mundial do Comércio destruíram fachadas de diversas lojas em Seattle, nos Estados Unidos”, explicou o sociólogo.
“É uma questão fundamentalmente urbana, e temos que compreender que produzimos jovens escolarizados com acesso à informação, capazes de identificar o quadro da desigualdade e incapazes de ficarem parados apenas olhando para isso”, finalizou.
Saiba mais sobre o palestrante:
O Prof. Dr. Eber Pires Marzulo possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e é doutor em Planejamento Urbano e Regional pelo Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional – IPPUR/UFRJ. Marzulo é professor da Faculdade de Arquitetura e do Programa de Pós Graduação em Planejamento Urbano e Regional da UFRGS. Também coordena o Grupo de Pesquisa Identidade e Território, que possui duas grandes linhas de pesquisa: identidade e território; e imagem e território.
Para ler o artigo “Sobre democracia e espaço público clique aqui.
As Quartas no IAB têm o patrocínio da Caixa Econômica Federal.
IAB - RS

Por: Diretoria Instituto de Arquitetos do Brasil - IAB

Outras Notícias

Governo do Estado e IAB RS divulgam resultado preliminar do concurso RS Seguro COMunidade –Território Santa Tereza

O objetivo do certame é qualificar espaços e equipamentos públicos comunitários em cinco áreas do território Santa Tereza, zona sul de Porto Alegre. Os prêmios são de R$ 50 mil (primeiro colocado), R$ 25 mil (segundo colocado) e R$ 10 mil (terceiro colocado). O vencedor terá ainda R$ 1.074.753,17 para desenvolvimento do projeto executivo que orientará as futuras obras.

Leia Mais →

Coletiva de imprensa apresenta denúncia de violação dos direitos das famílias e sobreviventes da Boate Kiss à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH)

Na semana em que a tragédia da Boate Kiss completou 12 anos, uma coletiva de imprensa realizada no auditório do Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul (SENGE-RS) apresentou para a imprensa detalhes da denúncia enviada à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que pede a responsabilização do governo brasileiro pelas violações dos direitos das famílias e sobreviventes da tragédia. Realizada em 2017, aprovou a admissibilidade para estudar o mérito do caso, abrindo prazo para encaminhamento de memoriais.

Leia Mais →

Outras Notícias