Receba Newsletter

Captcha obrigatório
Seu e-mail foi cadastrado com sucesso!

Arquitetura transforma tijolo em Cultura

Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no linkedin
Michelangelo dizia que a sua escultura apenas libertava do mármore bruto o que este aprisionava – o anjo, o cavalo, a ninfa – retirando do bloco de pedra tudo o que não era necessário para revelar a sua forma final. Marco Polo, no livro As Cidades Invisíveis de Ítalo Calvino, narra suas aventuras para o imperador Kublai Khan. Em uma das passagens, descreve uma ponte e pergunta ao imperador qual das pedras sustenta a ponte e, diante do silêncio do Imperador, relata que a ponte não é sustentada por uma ou outra pedra, mas sim pelo arco que estas formam. Louis Kahn, um dos mais importantes arquitetos do século XX, defendia que “até mesmo um tijolo quer ser alguma coisa” e referenciava sua arquitetura no respeito à natureza dos materiais e na simplicidade.

O barro que vira tijolo, se transforma em parede, que conforma um espaço, que assume função de abrigo, finalmente alcança seu “desejo de ser alguma coisa”. Este é o trabalho do arquiteto. Transformar tijolo em espaço, pedras em arcos, em pontes, em cidades. Do material bruto, libertar as formas belas e necessárias para as atividades humanas. Michelangelo libertava as formas aprisionadas, na arquitetura o vazio que se transforma em lugar habitado e a forma resulta do espetáculo da vida.

A arquitetura não é simples construção. Não se trata da maneira mais barata, mais rápida e mais ordinária de resolver um problema. A arquitetura se apoia na ciência para colocar as pedras nos seus devidos lugares – para que o arco não caia, envolve a poesia na interpretação das necessidades das pessoas e cria arte ao conceber o espaço e proporcionar surpresa que nem em sonho parecia possível. A arquitetura vista apenas como construção é um desperdício. A sociedade que não aproveita bem o saber e o fazer do arquiteto é uma sociedade pobre, feia, doente. Sem arquitetura e urbanismo, a cidade não funciona, cresce torta e desleixada, os seus edifícios parecem todos iguais de tristes e encardidos, os seus lugares – que deveriam ser públicos – são transformados em sobras abandonadas ou privatizadas, sequestrados pela insegurança ou pela ganância.

Arquitetura é Cultura quando avança, vai além da mera construção, resolve o problema com uma solução completa, que funciona, que satisfaz e que é bela. O arquiteto e urbanista é o profissional que planeja, que entende e antecipa os problemas, que compara possibilidades, que pensa antes de agir e que, finalmente, projeta a melhor solução. Projeto bem feito resulta uma obra mais econômica e mais segura, sem desperdícios e durável, mais criativa por que investiga e inova e mais bonita para poder libertar as pessoas da matéria bruta à qual estão aprisionadas.

IAB - RS

Por: Diretoria Instituto de Arquitetos do Brasil - IAB

Outros Artigos