Receba Newsletter

Captcha obrigatório
Seu e-mail foi cadastrado com sucesso!

Cidades Inteligentes em debate no IAB RS

Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no linkedin
Especialistas da área de urbanismo participaram nesta quarta-feira (13/05) do debate “Cidades Inteligentes”, no Ponto de Cultura Solar do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB RS). A atividade integrou o ciclo de palestras Desafios Urbanos, promovido pelo IAB RS e teve mediação da jornalista Kátia Suman.
O evento contou com palestra de Paolo Bertaccini Bonoli, que falou direto de Milão, via Skype, sobre o projeto “Smart City Milão”. O italiano contou que a cidade é uma das poucas em seu país, que historicamente encarou o processo da modernidade. “Outras cidades italianas são muito ligadas a tradição”, disse. Bonoli também falou que o processo de modernização está muito conectado com a modernização dos automóveis, pois coincidem com símbolos oficiais da cidade de Milão. Como exemplo, Bonoli citou os símbolos da marca Alfa Romeo e Ferrari.  “É um coincidência que ocorre por muitos anos em Milão”, contou o italiano. Ele também citou o período dos anos 60 em que a cidade ganhou o metrô, porto, abertura de canais e parques. Nesta época, as avenidas principais da cidade, permitiam a circulação de automóveis. Hoje, estas vias se transformaram em espaços públicos exclusivos para pedestres. 
Ele também informou que Milão possui sistemas públicos de automóveis e bicicletas compartilhados. “Não existe vandalismo. O sistema é um dos mais desenvolvidos do mundo e as estações de bicicletas públicas estão disponíveis em diversos pontos da cidade”, informou Bonoli. Mas ele acrescenta que o sistema de ciclovias ainda não é eficaz, as pessoas pedalam entre os carros. Outro ponto abordado foi a questão de recuperação dos sistemas de canais que viraram aterros. Existem projetos de recuperação destes espaços. “A maioria dos cidadãos estão favoráveis a melhorias, existe uma cooperação determinante”, disse.
O designer Mário Verdi, falou sobre a qualificação da paisagem urbana da cidade e do sistema Citysys, voltado ao gerenciamento inteligente de patrimônio público geolocalizado. “Todo o discurso deste tema é voltado para as capitais. Mas e as cidades pequenas, como ficam?”, questionou. Para ele, existe este isolamento e os pequenos municípios ficam de fora. A ONU considera hoje a Internet como um serviço básico das cidades.
Verdi acredita que uma cidade inteligente é aquela capaz de entender seus problemas e planejar. “Estamos num momento de substituição de tecnologias flexíveis por tecnologias duras. Temos um planejamento urbano e social que interfere no nosso convívio com a cidade. Com o tempo ele gera uma cultura e ajuda a reavaliar este processo que temos de cidade. Hoje a gente sofre da questão de especulação de um lado e a falta de ousadia de um outro” afirmou.  Ele também observou que praticamente não temos mais conexão com o ambiente construído. “Isso alimenta essa visão equivocada da cidade”, disse.  Para Verdi, a poluição visual cria uma camada que sobrepõe a cultura local, que perde sua identidade. “O principal problema é a compartimentalização de um organismo sistêmico. Existe desarticulação entre as entidades e órgãos. Ações antagônicas. Vejo que o primeiro passo para melhorar isso é reconhecer e entender o organismo por inteiro, desenhando as interações entre as entidades e definindo ações e responsabilidades. É possível, temos que ver, mapear, entender, acreditar e agir. Nós pagamos por atitudes que foram tomadas sem planejamento e que precisam ser refeitas”, criticou o designer.
Fabrício Tarouco apresentou uma parte de sua tese de doutorado que tem como tema “A Metrópole que emerge dos Apps”. O coordenador do curso de design da Unisinos informou que seu estudo aborda as cidades criativas e o uso do softwares em espaços urbanos e o quanto eles avançam e dominam certas práticas. “Já atingimos a marca de 100 milhões de downloads baixados. Estudei Apps ligados a serviços urbanos, como mobilidade, saúde, coleta de lixo, táxi, realidade aumentada, localização geográfica, turismo, conexão, entre outros oriundos do dia a dia da cidade. Consegui algo em torno de 45 mil aplicativos com esse viés de criatividade”, destacou.
Tarouco disse que hoje vivemos uma espécie de acupuntura urbana, ou seja, cada aplicativo é como uma agulha em cada território, cada um com sua prática. Para ele, junto com esse novo instrumento de viver a cidade surge uma nova necessidade infraestrutura digital. “Precisamos de conexão, energia para carregar equipamentos. Temos dois grupos nas cidades: os “seguidores do wifi” e os “caçadores de tomadas””, brincou.
Ele ainda analisou uma versão pequena da cidade que pode ser acessada pelo celular, com um conjunto de símbolos, serviços, mapas, de qualquer lugar do mundo.  “Temos um versão poket de cada cidade no bolso em qualquer momento”, disse. Tarouco acredita que o conceito de geolocalização e geocodificação, identificando e mapeamento lugares, caminhos, distâncias e limites entre regiões, com várias camadas de referência, nos ajudam a tomar decisões, participar, mas não apenas como um usuário. “Hoje em dia, por exemplo, existe uma guerra entre taxistas e aplicativos, mas muitas pessoas já aderiram aos Apps, isso é uma tendência pois temos mais segurança por meio dos dados de avaliações de outros passageiros”, citou. “A gente passa a viver a cidade digitalmente”, concluiu.
O arquiteto Alexandre Pereira Santos falou da ferramenta SIG e das possibilidades de mineração de dados. Para Pereira, a natureza do fenômeno urbano sempre se modificou, sempre usamos as cidades como ferramentas de mediação e interação, independente da tecnologia.  “Cada um de nós está produzindo hoje uma geolocalização ou deixamos alguém fazer isso para nós. Essa é uma realidade geosocial”, destacou o arquiteto. Além disso, ele afirmou que toda essa tecnologia gera o aumento de possiblidades de análises avançadas. “Podemos, por exemplo, usar tecnologias de maneira aplicativa e direta para ajudar no planejamento urbano”, disse Pereira. Na questão dos dados, ele destacou que temos uma geração muito grande, mas a captação é por meios diferentes, cada um fazendo seu pedaço e compondo uma coisa nova.
As questões do aponderamento do espaço, na busca de transformá-lo em lugar, além da intervenção na escala humana, foram abordadas pelo arquiteto Leonardo Brawl. “Quero chamar atenção para o conceito do ativismo, que sofre os efeitos dos modelos tecnológicos. A tecnologia da informação está atendendo o quê e a quem?”, questionou Brawl. Para ele, isso tudo que existe nos ajuda, mas as mudanças a médio e longo prazo acabam ficando de fora.  “A cidade tem que se conectar com os cidadãos por meio de tecnologias sociais. Existem exemplos práticos de operação destas tecnologias, trazidas para o âmbito social, que são utilizadas para solucionar problemas”, informou. De acordo com Brawl, a tecnologia já está fazendo uma transformação social, mas com muitas falhas no impacto urbano. Ele acredita que tecnologia pode ser um recurso, mas deve chegar a população de uma maneira mais prática. Brawl lembrou que existem muitas pessoas que não têm acesso a informação nenhuma. “Tudo está ainda muito elitizado. Esse conceito não contempla todos”, criticou ele.
IAB - RS

Por: Diretoria Instituto de Arquitetos do Brasil - IAB

Outras Notícias

NOTA PÚBLICA

As entidades Associação dos Técnicos de Nível Superior de Porto Alegre (Astec), Instituto de Arquitetos do Brasil – Depto Rio Grande do Sul (IAB RS), Instituto Brasileiro de Direito Urbanístico (IBDU), ONG Acesso Cidadania e Direitos Humanos e Sociedade de Economia do Rio Grande do Sul (SOCECON) entraram com ação ordinária a fim de denunciar irregularidades identificadas no edital e processo eleitoral do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Ambiental – Biênio 2024/2025. 

Leia Mais →

Desafios do planejamento urbano e gestão em Porto Alegre foram temas de debate no IAB RS

A relação envolvendo o setor imobiliário e a administração pública na Capital, bem como os desdobramentos da revisão do Plano Diretor e as eleições para o Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Ambiental (CMDUA), foram alguns dos tópicos abordados no debate “Planejamento Urbano e Gestão: desafios atuais e perspectivas futuras para Porto Alegre”, que ocorreu no dia 28 de março na sede do IAB RS, em Porto Alegre.

Leia Mais →

Arquiteta Enilda Ribeiro é homenageada em evento do IAB RS

Para comemorar os 76 anos do Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento Rio Grande do Sul (IAB RS), a entidade planejou uma série com três eventos especiais para debater a profissão, relembrar a história e preservar memórias. Na primeira atividade, a palestra “Acervos em arquitetura e urbanismo – homenagem a Enilda Ribeiro” promoveu o encontro entre o professor da FAUUSP e coordenador da biblioteca da FAUUSP, Eduardo Costa; o membro do conselho consultivo do Centro de Memória CAU/RS, José Daniel Simões; e a copresidente do IAB RS e responsável pelo projeto documental, Bruna Tavares. 

Leia Mais →

IAB RS participa do painel RS Seguro COMunidade no South Summit

A copresidente Clarice Oliveira falou sobre a importância dos Concursos Públicos de Projeto e dos processos participativos que o IAB RS vem implantando junto ao governo do Estado. Durante sua fala, destacou que “o IAB RS desenvolve concursos de projeto urbanístico integrai que tem como um pilar muito importante a participação da comunidade no processo inicial de elaboração do programa de necessidades, que vai constituir as bases do concurso público de projetos”.

Leia Mais →

Outras Notícias

Arquiteta Enilda Ribeiro é destaque na coluna Almanaque, da Zero Hora

Enilda foi uma das primeiras mulheres a ser diplomada no curso específico em Arquitetura no Rio Grande do Sul. Além e ter lutado pela criação do curso superior de graduação na URFGS, foi presidente do IAB/RS entre 1980 e 1981. “Eu gostaria muito de ter conversado, em algum momento, com ela sobre os desafios que foram enfrentados, tanto no IAB-RS quanto em nível nacional, onde ela articulou a construção de ideias e diretrizes para a formação de um conselho próprio de arquitetura e urbanismo”, declarou a co-presidente do IAB/RS, Bruna Tavares.

Leia Mais →

Na mídia: “Depois de construído, é difícil reverter”: o que dizem especialistas sobre mudanças na fachada do Pontal Shopping

Especialistas em urbanismo avaliam que a readequação da fachada da loja Leroy Merlin, no Pontal Shopping, na zonal sul de Porto Alegre, traz pequenas melhorias no visual e no microclima, mas não resolve o problema de sua construção ter se tornado uma barreira à contemplação e à conexão da Avenida Padre Cacique com a orla do Guaíba. Em entrevista ao jornal Zero Hora, a co-presidente do IAB-RS, Clarice Oliveira, ressalta que “Uma parede verde de plantas naturais é positiva porque vai diminuir o calor naquele microclima, com menos concreto. Vai ficar mais agradável, mas continuará sendo um paredão sem interface com o outro lado. Não vai deixar de ser uma barreira”.

Leia Mais →

NOTA PÚBLICA SOBRE OS PROCESSOS DE IMPUGNAÇÃO NAS ELEIÇÕS PARA O CMDUA.

O IAB-RS expressa preocupação em relação à ausência de registro dos pedidos de impugnação apresentados pelo instituto no âmbito do processo eleitoral das entidades de classe ligadas ao planejamento urbano no Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Ambiental (CMDUA). Conforme o cronograma estabelecido no edital 006/2023, utilizando os critérios estipulados no item 2.11 do referido edital, foi emitido um documento elencando 23 entidades que não demonstram caráter de atividades relacionadas ao planejamento urbano. Isso ocorreu após análise apropriada e indicação da regularidade dessas entidades para participação nas eleições do CMDUA.

Leia Mais →