O sétimo item do documento “10 Pontos por um Projeto de Cidade”, artigo norteador do IAB-RS na defesa de uma produção de cidade mais qualificada, foi o tema do debate da “Quarta no IAB” deste 23 de outubro. O ponto “Habitação com qualidade e integração da comunidade” defende a valorização de projetos habitacionais que priorizem a inserção da habitação de interesse social no tecido urbano existente, construindo bairros e não guetos. Como foco para o debate, o encontro escolheu o projeto federal “Minha Casa, Minha Vida”, que objetiva oportunizar casa própria para uma aparcela mais ampla da população brasileira.
O arquiteto Alexandre Pereira Santos fez a apresentação dos convidados e a mediação do encontro. Mestrando da UFPEL, Santos desenvolve pesquisa em Sistemas Configuracionais Urbanos, e organizou o encontro no IAB-RS para melhor avaliar o que representa o “Minha Casa, Minha Vida”, bem como seus efeitos para a cidade e os profissionais da arquitetura.
A primeira convidada foi a arquiteta Julia Wartchow, mestre em Planejamento Urbano e Regional pela UFRGS. Julia fez um breve histórico e apresentou a dinâmica de funcionamento do programa federal. Segundo ela, o setor empresarial é o grande protagonista da geração de moradia, sendo que “o mercado parece ter legitimidade social, ou seja, há pouco cobrança por parte da população a respeito da baixa qualidade do que é produzido”.
Por sua vez, Alvaro Pedrotti apresentou projetos de habitação exitosos por contarem com a participação das comunidades, demonstrando como é possível encontrar soluções urbanos a partir de diferentes atores sociais. Pedrotti, que trabalha com grupos organizados a elaboração e implantação de Projetos de Habitação de Interesse Social, exibiu imagens e dados das ações que participou, desde a organização das comunidades até a construção e entrega das casas. Três exemplos que nortearam suas apresentação foram o loteamentos Albino Kern (em Portão), Cerâmicas e Cootrahab (os dois últimos em São Leopoldo).
Atuando na área de arquitetura de engenharia da Caixa Econômica Federal, Eduardo Speggiorini explicou as várias modalidades de projetos do “Minha Casa, Minha Vida”. O arquiteto ainda esclareceu dúvidas dos presentes e citou alguns exemplos bem sucedidos de soluções de habitação junto às comunidades.
A Cooperativa Mista e Solidária Utopia e Luta (Coopsul) também se fez presente com Eduardo Solari, uma de suas lideranças. Para ele, programas com o “Minha Casa, Minha Vida”, entre outros, deveriam ter opções de propriedade coletiva, onde mais pessoas compartilhassem a mesma habitação, dividindo espaços e responsabilidades. “Para muitos, pode parecer um absurdo a propriedade coletiva, mas são os absurdos que rompem a lógica, podendo reconstruir o tecido social coletivo que foi sendo destruído nos últimos 200 anos”.
O encontro foi encerrado com intervenções e perguntas dos presentes. Relatos e questionamentos deram conta de que há limitações a serem superadas pelo programa federal,
"Quartas no IAB" tem apoio da Caixa Econômica Federal.