Ícone da paisagem urbana Portoalegrense, o Viaduto Otávio Rocha, popularmente conhecido como Viaduto da Borges, localizado no centro da Capital, irá passar por um processo de revitalização, e o projeto foi tema de encontro promovido pelo Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento do Rio Grande do Sul (IAB/RS), na noite de quarta-feira (24). Participaram da mesa o Secretário municipal de obras e infraestrutura de Porto Alegre, André Flores, o engenheiro responsável pelo projeto, Alexandre Cavani, a Chefe de Equipe de Patrimônio Histórico e Cultural de Porto Alegre (EPAHC), Débora Magalhães da Costa, o Presidente da Associação Representativa e Cultural dos Comerciantes do Viaduto Otávio Rocha (ARCCOV), Adacir Flores, e o Presidente do Conselho Municipal de Patrimônio Histórico e Cultural de Porto Alegre (Compahc), Lucas Volpatto, com mediação da advogada Jacqueline Custódio. Integrantes da sociedade civil também marcaram presença.
O projeto de revitalização, tema de grande interesse tanto de agentes públicos quanto da população, especialmente dos comerciantes localizados no seu entorno, gera muitos questionamentos e reinvindicações há bastante tempo. Em função disso, o secretário André Flores abriu a sua fala ressaltando que “a atual gestão tem um compromisso com o centro da cidade e vem realizando investimentos nesse sentido”. A obra prevista no local, segundo ele, tem um grande nível de complexidade, porque envolve diversos fatores a serem pensados com total atenção: o comércio atrelado à estrutura do viaduto, que terá que ficar de portas fechadas durante o tempo de trabalho; o trânsito, cuja via é de extrema importância para ligar diversos bairros ao centro; e às questões que envolvem os prédios residenciais, muitos deles com problema de infiltração direta na estrutura do viaduto. “Não há obra que não gere transtornos, mas essa é uma demanda da cidade e precisa ser feita”, disse Flores.
Prevista para ser realizada em 18 meses com um investimento de 13,7 milhões, deve iniciar em dezembro deste ano, e contemplará toda a estrutura, incluindo os banheiros, tornando-os acessíveis para pessoas com deficiência. Flores destacou, ainda, outros dois aspectos que são avaliados no projeto. “Há uma preocupação muito grande com a iluminação pública e o uso de câmeras de segurança, porque o local, com as particularidades de sua estrutura, possui difícil monitoração hoje”, ressaltou. Para a chefe do EPHAC, Débora Magalhães da Costa, existe uma importância histórica. “É um bem tombado, e como tal a gente tomba os bens excepcionais, por sua arquitetura, e por ter sido a maior obra viária da cidade por anos”, conta. Entre vários questionamentos que o projeto levantou está no revestimento do viaduto, o cirex. “Por suas características, especialmente a porosidade, nem sempre é possível realizar a total limpeza de pixações, então fica a dúvida se ele deve ser refeito, coberto com tinta, ou outra alternativa”, aponta.
Representando uma das partes mais interessadas na obra e os seus desdobramentos, o presidente da ARCCOV, Adacir Flores, permissionário desde os anos 1980, fez um depoimento bastante emocionado, ressaltando, também, todas as reinvindicações que vêm sendo feitas ao longo dos anos naquele local. “Esse projeto precisa ser pensado do ponto de vista não apenas da restauração, mas da humanização do viaduto”, enfatizou. Ele relembrou de uma intervenção realizada entre os anos de 1998 e 2001, ocasião em que não houve nenhum diálogo com os permissionários. “Nós não queremos nenhum confronto, mas sim diálogo, para continuar trabalhando com dignidade”.
O presidente do Compahc, Lucas Volpatto, que acompanhou o último processo de limpeza da fachada do viaduto, apontou preocupação com o compromisso da prefeitura, em futuras gestões, sobre a manutenção de tudo o que será realizado. “É preciso que haja um projeto de manutenção permanente”, disse. Volpatto destacou, também, todos os problemas estruturais presentes hoje, como infiltrações e sistema de drenagem. “É uma estrutura viária e monumento complexo de se cuidar, e é aí que entra minha preocupação. Será que esse montante previsto dará contas de tudo o que é preciso ser feito?”, questionou.
O secretário André Flores finalizou e se colocou à disposição para novas consultas, tanto de entidades quanto da sociedade civil, para que não haja nenhuma dúvida e ouvir todas as reinvindicações acerca do projeto como um todo.
Fonte: Assessoria de Comunicação IAB RS