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Arquitetos prestam homenagem a Fernando Magalhães Chacel

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Em homenagem à morte do arquiteto e paisagista Fernando Magalhães Chacel, ocorrida no dia 6 de março, o IAB-RJ divulgou os textos escritos por Ricardo Villar e Eduardo Barra. Chacel formou-se na Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil e iniciou sua formação de paisagista com Burle Marx. Ocupou diversos cargos públicos na área do meio ambiente, antes de instalar seu próprio escritório de projetos e consultoria. Lecionou paisagismo no Brasil e no Canadá. Trabalhou na recuperação da região da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro e elaborou o projeto de recuperação ambiental e urbanística do Parque Dom Pedro II, em São Paulo. Carta ao Chacel Caro amigo, Hoje, você nos deixou, amigo e companheiro. Você se foi, em um domingo de carnaval, achamos que de molecagem. “Vou, mas quero ir em um dia alegre, como minha vida” Para quem não o conheceu, Chacel era assim, alegre, feliz e sonhador. Todo projeto que iniciava recebia uma dose de alegria e qualidade que o tornava único e perfeito. Não sabemos como continuar com nossos trabalhos sem os seus sábios conselhos e aquele traço lindo, rabiscado, cheio de dúvidas e certezas. A vida segue. Chacel deve estar lá em cima, tomando um vinho junto ao Roberto Burle Marx, Luis Emigdio e outros amigos, discutindo uma maneira de salvar ou dar uma direção à nossa cidade e ao nosso país. Estamos esperando, Chacel. Precisamos da tua ajuda, agora então que você faz parte aí do céu. E dê um abraço no Roberto, Luis Emigdio e a toda a turma daí. E por falar nisso, levou teu acordeão? Grandes abraços dos teus amigos que estão por aqui. Ricardo Villar Paisagismo internacional perde um grande mestre Fernando Magalhães Chacel nos deixou em pleno domingo de Carnaval. Conhecendo seu espírito brincalhão, chega a soar como ironia. Avesso a elogios e a qualquer forma de louvação, surpreendeu os amigos em viagem no feriadão momesco, inviabilizando comovidas homenagens de corpo presente, ainda que merecidas. Foi enterrado no Rio de Janeiro no dia seguinte, 7 de março, com uma simplicidade que na certa aprovou, entre parentes e amigos despreparados para o triste evento. Ameaçava chover. Mestre de várias gerações, apesar de negar qualquer título e de sua reconhecida falta de disciplina acadêmica, contribuiu de forma inestimável para ampliar a concepção do ofício do arquiteto paisagista no Brasil, evitando posturas meramente cosméticas – sem que isso signifique descompromisso com a beleza – e impregnando seus trabalhos com profundo conhecimento de nossa legislação ambiental, de nossas paisagens e das intrincadas relações bióticas envolvidas em seu manejo. Conseguiu transmitir paixão pelas questões ambientais para clientes de formações e intenções diversas, que lhe retribuíram com oportunidades para desenvolver simultaneamente teorias e práticas, aplicadas a cada situação específica, tudo isso embala do com doses de humildade, extremo respeito pela opinião alheia, bom humor e muita vontade de acertar. Com tal “jeitinho”, convenceu uma construtora comercial do Rio de Janeiro a implantar e manter com esmero, por 18 anos consecutivos, antes que viesse a cravar a estaca inaugural da primeira edificação, um verdadeiro parque linear de mangue e restinga, totalmente inédito na época e hoje compreendido como objeto único de estudo e exemplo a ser seguido por profissionais de todas as partes do mundo. Também levou o empreendedor de grande condomínio em Búzios, RJ, a abdicar de muitos lotes em favor da manutenção e regeneração de fragmentos de vegetação de restinga, cedendo ainda grande extensão de terra para a formação de um grande lago, resultado da exposição do lençol freático bastante superficial no local. Em paralelo, lutou como nunca pela preservação do último remanescente de floresta paludosa de restinga na Barra da Tijuca e se envolveu de corpo e alma para livrar o Parque do Flamengo da ameaça da implantação de monumental e grotesco complexo comercial. Suas palestras, tratadas com informalidade e recheadas de comentários inusitados, convertiam-se em concorridas aulas, já que sempre extrapolavam o exemplo demonstrado e instigavam a imaginação e a capacidade criativa da platéia. Ao fim de suas exposições, os profissionais e estudantes presentes sentiam vontade de correr para a prancheta ou computador para rever os conceitos de seus projetos em andamento. Nos últimos anos, Chacel adotou o tema recorrente da ecogênese – conjunto de estudos multidisciplinares que busca a regeneração de áreas degradadas com total respeito às associações vegetais originais de cada ecossistema -, fruto da intensa troca que manteve durante anos com eminentes profissionais de outras áreas, como o botânico Luiz Emygdio de Mello Filho e o geomorfologista Aziz Ab’Sáber. Por ocasião do 49º Congresso Internacional da IFLA, sediado no Rio de Janeiro, em 2009, pela ABAP – Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas, Chacel brilhou como a estrela que era, inaugurando exposição individual de sua obra, participando de sala especial na mostra da ABAP e apresentando novos trabalhos para uma platéia internacional manifestamente extasiada, além de revelar-se exímio sanfoneiro ao se apresentar com sua banda durante o jantar de gala do evento. Quatro dias depois, foi hospitalizado, permanecendo 16 meses afastado das atividades profissionais. Hoje, já faz muita falta para todos nós – afinal, quantas gerações serão necessárias para gerar outro arquiteto paisagista tão completo? Eduardo Barra

IAB - RS

Por: Diretoria Instituto de Arquitetos do Brasil - IAB

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