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Espaço IAB apresenta a exposição Organismos Escultórios de Mário Thaddeu

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O Espaço IAB apresenta a exposição “Organismos Escultórios” de Mário Thaddeu. Visitação de segunda a sexta-feira das 9h às 21h30 até 17 de dezembro. Veja o texto da exposição escrito pelo professor de Design e História da Arte na UNIRITTER, Nestor Candi. O primeiro que salta à vista, quando observamos as cerâmicas de Mário Thaddeu, é a estreita relação que elas têm com o mundo orgânico. Em rigor de verdade, formam um universo próprio, simultaneamente flora e fauna, cujas criaturas compartilham corpos globulosos, tanto de sementes como de bulbos, carregando carapaças de coleópteros ou de frutos cascudos. Seres com aspecto de escaravelhos, besouros, conchas ou caracóis, devido a suas peles escamadas, más também por possuir pseudópodes rugosos, estames e pistilos, anteras carregadas de pólen, desmesuradas brânquias, corolas tubulares, filamentos lanceolados, antênulas, ogivas espinhosas, e tantos outros apêndices destinados aos movimentos, sejam estes de locomoção, ataque ou defesa. As peças, em conjunto, parecem ser mutantes vindos de uma galáxia paralela, mas que aqui se fincaram, embora sempre olhando na direção das estrelas, cegadas pela luz. Ou seja, verifica-se que as obras de Mário são esculturas modeladas em argila com apurada técnica -que inclui um conjunto de procedimentos criados pelo próprio autor-, capazes de conformar uma categoria taxonômica independente, integrada por seres morfologicamente semelhantes entre si, que obviamente possuem grande semelhança com a rica biodiversidade deste nosso planeta. Da mesma forma, a estética de Mário se relaciona estreitamente com a de Antoni Gaudí, o célebre criador catalã da segunda metade do século XIX e começos do XX, que tem desenvolvido uma desconcertante obra (o Parque Guell, a casa Batlló, a casa Milà, e a Sagrada Família, entre outras), dando uma personalidade única à cidade de Barcelona. As primeiras obras de Gaudí possuem claras influências da arquitetura gótica e catalã tradicionais, embora também tenham recebido o influxo do arquiteto francês Eugene Viollet-le-Duc. Mas posteriormente Gaudí desenvolveu uma linguagem expressiva própria, de corte modernista (que é uma variante local do art nouveau), o que o levou a abordar um polimorfismo fantástico, quase alucinatório. As cerâmicas de Mário Thaddeu se aproximam livremente de esse conglomerado estrutural e estilístico, e o recria a través de um intenso barroquismo, tipicamente latino-americano (já meticulosamente detalhado pelo ensaísta Eugenio d’Ors), exacerbadamente brasileiro. Mario não realiza uma operação de abstração partindo do nada fantasmagórico, senão que exerce diversos graus de estilização a partir da própria natureza, observada e constelada como um espetáculo fenomênico de vastas proporções e constantes derivadas fisioplásticas. Nos primeiros anos do século estouraram na Europa diversos movimentos plásticos de imensa importância, como o Fauvismo francês de Matisse, o Expressionismo alemão de Kirchner e Heckel, o Cubismo de Picasso, Braque e Juan Gris, o Futurismo Italiano de Boccioni, o Suprematismo russo de Malevich e o Neo-Plasticismo holandês de Piet Mondrian. Criado por Picasso e desenvolvido extensa e ardorosamente por Jean Arp e Max Ernst, o collage transformou-se numa voragem criativa em mãos de Kurt Schwitters. Trabalhando também com retalhos, Gaudí configura extensas superfícies mediante a técnica catalã tradicional do “trencadis”, que consiste na utilização de fragmentos de cerâmicas quebradas, montadas como um quebra-cabeças. Mario desenvolve sua própria maneira de realizar collages: troca os restos justapostos por parcelas de diferentes texturas tácteis, variantes cromáticas de esmalte, e tramas visuais. Com esta dinâmica plástica, consegue múltiplos efeitos de significação, parecidos com as observações panorâmicas que os passageiros dos aviões podem apreciar olhando para as paisagens terrestres, lá embaixo. No nível formal constitutivo-estrutural, Gaudí usava as suas famosas “cúpulas catenárias”, às que Mário responde de forma inteligente, contrapondo um ascendente movimento espiralado em constante rotação, em permanente mutação. Aos arcos parabólicos de inspiração gótica de Gaudí, Mario reage com suas ousadas abóbadas assimétricas, cujos eixos de translação geram redemoinhos, embora permanecendo em perfeito equilíbrio dinâmico. Assim, nosso ceramista-escultor parece ter uma memória biológica ancestral que o leva a trabalhar peças cujas superfícies podem ser objetos decorativos, funcionais (luminárias), ou casas de fim de semana, embora a disposição dos elementos essenciais provenha do esqueleto de uma baleia pré-histórica, das placas ósseas de um gliptodonte do Pleistoceno, ou das asas de um pterossauro do Mezozóico. Alem disso devemos observar que seus interessantes sistemas estruturais por momentos o aproximam, além de Gaudí, de criadores que integran a arquitetura, o urbanismo, o design e a arte, desde Hundertwasser a Zaha Hadid. De fato, algumas de suas peças poderiam ser esculturas habitáveis, se o orgulho humano nos permitisse seguir o exemplo dos moluscos. Prof Nestor Candi – Porto Alegre (RS) – 1º de Agosto de 2010.- MS. Professor de Design e História da Arte na UNIRITTER

Por: Diretoria Instituto de Arquitetos do Brasil - IAB

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