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OSPA- PATRIMÔNIO do Rio Grande do Sul

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Uma sede para as atividades da OSPA – Orquestra Sinfônica de Porto Alegre faz-se necessária. A instituição OSPA é um patrimônio cultural do Rio Grande do Sul. A OSPA toca todos os corações gaúchos. Rompeu o caráter elitista da música sinfônica, conquistou novos espaços de audiência, ganhou as praças e parques e aproximou-se da população em geral. Hoje, como uma instituição cultural pública de enorme prestígio no Estado e no País, tem seu potencial de atuação refreado pela falta de infra-estrutura de apresentação, de formação, de produção e de desenvolvimento de programas musicais. A Orquestra Sinfônica de Porto Alegre tem perseverado na tentativa de construir sua sede própria. Em 1998, promoveu um concurso público para a escolha de um projeto arquitetônico, nas proximidades da Usina do Gasômetro e do Cais Mauá, junto ao Guaíba, desenvolvido até a sua fase executiva. No entanto, o projeto foi arquivado sem um esclarecimento público adequado. No início de 2003, o assunto retornou com intensidade aos meios de comunicação, e a OSPA, após várias especulações quanto ao local e ao aproveitamento de prédios existentes, contratou um novo projeto, por escolha direta de seu presidente, a ser erguido junto ao Shopping Total. No entanto, passados mais de dois anos, percebe-se que novamente a obra não iniciou. O longo período de gestação da viabilidade da nova sede da OSPA, os entraves encontrados, as posições antagônicas em relação aos dois projetos contratados são fatos que solicitam um esclarecimento à opinião pública. Na realidade, a solução para a sede da OSPA envolve muito mais do que a construção de um edifício sede. Seu processo expõe as maneiras como o poder público e a sociedade tratam a preservação, a produção e o desenvolvimento do seu patrimônio público e da sua cidade. Exige, portanto, uma situação na cidade com referências urbanas adequadas ao seu valor simbólico. Neste aspecto, os locais dos dois projetos são bem distintos. A área junto ao rio, à qual se refere o concurso público realizado, além de quesitos dimensionais, acessibilidade, visualização, convívio com outras atividades culturais e de lazer, proporciona como pano de fundo para a Orquestra uma paisagem notável dada pela borda do Guaíba e pelo pôr-do-sol. Obras conhecidas como a Ópera de Sidney, o Royal Festival Hall, de Londres, e a Ópera de Gotemburgo são alguns casos de edifícios destinados a espetáculos musicais que foram construídos junto à água (baía, rio), tirando partido dessa posição privilegiada e ganhando enormemente em expressividade. Pela escolha do local e pelas inovações arquitetônicas, tornaram-se reconhecidos símbolos de suas nações ou cidades. Certamente a inscrição da imagem da Orquestra na silhueta da cidade projetada no Guaíba seria um gesto delicado da cidade para com a sua Sinfônica. Em contrapartida, a instalação da Orquestra neste local daria o tom para o outro projeto importante para a cidade que é a revitalização desta parte da orla, do Cais Mauá até a Usina do Gasômetro. A segunda proposta optou pela localização da OSPA numa faixa lateral do terreno do Shopping Total voltada para a avenida Cristóvão Colombo, entre o estacionamento do shopping e um edifício de habitação. Neste caso, dá-se a inserção da Orquestra num expressivo conjunto histórico da Cervejaria Brahma. Coadjuvante, além de não ser necessário, do ponto de vista dos interesses da sociedade, para o notável patrimônio existente, diante da conformação urbana do local, o teatro da OSPA ficaria sem visibilidade – uma fachada escondida e inadequada para a imagem desta importante instituição cultural. No caso do projeto junto ao rio, escolhido por concurso público, com júri internacional, entre 70 equipes inscritas e 32 trabalhos entregues, o meio profissional, acadêmico e editorial e o público em geral podem conhecer, discutir e aprofundar os fundamentos da concepção arquitetônica. Isto é uma forma de fazer cultura. Ao contrário, o segundo projeto apresenta-se, tal qual o seu local, escondido, nebulosamente apresentado em imagens digitais impressas nos meios de comunicação, com pouca resolução e informação. Comparando os locais e os modos como a OSPA se insere diferentemente no contexto urbano e cultural a partir dos dois projetos, Porto Alegre parece destinada a amargar soluções pontuais que privilegiam aspectos pragmáticos (econômicos, funcionais, etc.) em detrimento de uma visão integrada pela qualidade arquitetônica e urbanística. O processo de escolha do local, a elaboração do projeto arquitetônico e urbanístico, e de todos os seus complementares, e a sua concretização deveriam ser tarefas para a comunidade, para os técnicos, e para a administração pública, cada qual com suas atribuições e competências: a comunidade com sua participação em audiência pública, os técnicos com a sua criatividade e com o seu conhecimento, e a administração pública como moderadora e gerenciadora da coisa pública. Para viabilizar um projeto desta magnitude deveriam ser exigidos estudos, análises e avaliações técnicas prévias: avaliações dos parâmetros que regem a urbanidade, como o impacto ambiental e de vizinhança, a circulação e a mobilidade urbana; a compatibilização com os serviços públicos; respeitando-se os pareceres do quadro técnico das diversas secretarias do Município de Porto Alegre quanto à adequação do projeto na malha urbana. O programa básico de arquitetura seria o resultado da interatividade de todos esses pareceres aliados às aspirações e às necessidades dos músicos e do público. Com cada segmento da sociedade contribuindo com suas especificidades, resultaria uma obra de expressividade única, obra esta que poderia tornar-se mais um símbolo do desenvolvimento cultural do Rio Grande do Sul.

O concurso público possibilita, pois, o debate e a participação de diferentes categorias de profissionais envolvidos diante do fato urbano proposto, com conseqüentes reflexos na conscientização do que seja urbano e do que é viver a cidade. O projeto e sua edificação são resultado da participação ampla, banindo os casuísmos dos favorecimentos e dos interesses políticos pessoais.
No entanto, é lamentável que haja uma tendência, em nosso meio, para um certo tipo de pensamento fragmentário, individualista e imediatista, que parece ter determinado a decisão da direção da OSPA sobre seu teatro. Sendo a OSPA uma instituição cultural do Estado, seria lógico que participasse de um contexto de iniciativas no campo cultural, que desse uma contribuição a esse contexto. Seria lógico que a oportunidade que a orquestra está oferecendo à cidade (construção de uma nova sala de concertos) fosse explorada ao máximo não apenas no sentido de se ter um espaço adequado a apresentações musicais, mas também no sentido de qualificar arquitetonicamente a cidade e a paisagem urbana, e de contribuir para um contexto de iniciativas para a cidade. Se construída na ponta da península, junto ao porto, por exemplo, e com um projeto arquitetônico de alto nível, oriundo de debates qualificados e de um concurso de arquitetura de grande amplitude, a sala de concertos não seria apenas uma sala de concertos, mas também um fato arquitetônico potente, um marco na paisagem urbana, um elemento forte a apoiar a revitalização do porto e, por conseguinte, a favorecer outras atividades culturais e de lazer e turismo. A construção de uma sala sinfônica é uma oportunidade única para uma cidade, uma oportunidade de se ter uma nova obra monumental, significativa, marcante. E Porto Alegre carece dessas oportunidades. Se perdida, outra não aparecerá tão cedo. É importante que pensemos nisto e que possamos da melhor forma aproveitar as chances que aparecem para qualificar a cidade. Um investimento de uma instituição pública como a OSPA pode dar muito mais à cidade do que uma sala apertada e ensimesmada, com pouca expressão e visibilidade num sítio pouco adequado e isolado de um conjunto de iniciativas que poderiam ser enriquecidas com a presença da orquestra e que, por sua vez, poderiam favorecer o próprio público desta.
A OSPA é um bem público, mantido com os recursos da sociedade, e, como tal, deve-se adequar aos procedimentos democráticos de transparência e debate. Não se trata de contestar as soluções passadas, mas lamentar as oportunidades desperdiçadas de se produzir arquitetura de qualidade.
O concurso público realizado teve projeto premiado e pago com recursos dos contribuintes. Agora, se por motivos técnicos irrefutáveis, este projeto vencedor não for mais adequado aos novos programas e exigências da OSPA e ao custo–benefício que dele resultaria, pelos altos investimentos na sua concretização, novo concurso público, isento de interesses exclusivistas, mobilizaria a toda a sociedade, que assumiria para si todo o processo.
Que a OSPA é um patrimônio da cultura dos gaúchos, todos temos a convicção.
Que a OSPA necessita de espaço, digno de sua grandeza, para suas atividades, é voz uníssona no Rio Grande do Sul.
Que a OSPA responde e responderá através da qualidade profissional e da abnegação de seus músicos e seus dirigentes pelos investimentos que a sociedade do Rio Grande inverte nela, é uma verdade inconteste.

Texto elaborado a partir de debate
entre as Comissões de Patrimônio e Urbanismo do IAB-RS.
junho/2005

Por: Diretoria Instituto de Arquitetos do Brasil - IAB

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