O velório ocorreu na tarde de hoje no Plenário Otávio Rocha da Câmara de Vereadores. E a cremação ocorreu na segunda (25/11) no Crematório Saint Hilaire, em Viamão, em cerimônia reservada.
Formado em 1965 pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o arquiteto Clóvis Ilgenfritz da Silva dedicou boa parte de sua trajetória profissional a trabalhos de habitação popular e planejamento urbano, dividindo-a com a atuação em entidades representativas dos arquitetos. Ele foi pioneiro na defesa da Assistência Técnica pública e gratuita para o projeto e a construção de habitações de interesse social, que considerava “como um SUS da habitação”, fundamental para melhorar as moradias e atingir um segmento da população sempre desassistido.
Para o presidente do IAB RS, Rafael Passos: "Um amigo, um líder, querido companheiro. Clóvis dedicou sua vida à Arquitetura e Urbanismo como instrumento necessário à melhoria das condições de vida do povo brasileiro.Pelo direito à Habitação foi um lutador em todas as frentes possíveis: no exercício diário da profissão, à frente das principais entidades da categoria, na política partidária.Pai da Lei de Assistência Técnica, nos deixa esse legado e a responsabilidade de fazê-la realidade na vida da população brasileira.Clóvis, Presente".
Para o presidente do CAU/BR, Luciano Guimarães, “o ano de 2019 tem sido cruel para a Arquitetura Social do país. Nem bem nos recuperamos da morte de Demetre Anastassakis, em julho, agora recebemos o baque da perda de Clóvis Ilgenfritz da Silva. Sua obra expressou exemplarmente a diretriz da função social da Arquitetura formulada pelo I Congresso Brasileiro de Arquitetos realizado em 1945 e desde então sempre reforçada. Seu pioneirismo na implantação de um projeto de assistência técnica para habitação de interesse social, na década de 1970, em Porto Alegre, foi a semente da ATHIS no país. A morte de Clóvis causa uma enorme tristeza. A Arquitetura e Urbanismo, nossos colegas e o país perdem um guerreiro do bem”.
O arquiteto foi presidente e fundador da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), entre 1983 e 1986, e do Sindicato dos Arquitetos no Estado do Rio Grande do Sul (Saergs), em suas primeiras três diretorias (1974 a 1983). Também foi vice-presidente do CAU/RS e conselheiro do CREA/RS.
No currículo de Clóvis está também uma extensa atuação ligada ao Partido dos Trabalhadores (PT), tendo sido um dos fundadores do partido (1981) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), no mesmo ano.Foi vereador em Porto Alegre por três vezes na década de 1990 e deputado federal.“Quem não faz política, sofre a política dos demais”, dizia, incentivando a participação dos arquitetos e urbanistas em eleições para o Executivo e o Legislativo.
Para Nivaldo Andrade, presidente do IAB/DN, “Clovis foi uma referência para todos nós e o IAB e os arquitetos brasileiros nos orgulhamos de tê-lo tido conosco. Sua missão de garantir o acesso à arquitetura e ao organismo às pessoas de baixa renda é extremamente atual e precisamos, mais do que nunca, nos espelhar em sua trajetória”.
Segundo arquiteto e urbanista Gilson Paranhos, ex-presidente do IAB e igualmente dedicado à Arquitetura Social, “Clóvis teve uma vida em defesa dos mais necessitados. Homem de trincheira, de luta, fortíssimo e de coração sensível. A mesma mão que batia acariciava e com uma dignidade enorme” .
Em outubro passado, Clóvis Ilgenfritz da Silva foi homenageado no 21º Congresso Brasileiro de Arquitetos (CBA), realizado em Porto Alegre, com o Colar de Ouro, comenda criada pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB) como reconhecimento máximo aos arquitetos pela sua obra e atuação profissional.
Assista no link abaixo o vídeo de homenagem ao Clóvis:
http://bit.ly/37Elevd